Em mensagem enviada ao Fórum Global sobre Refugiados, Francisco frisa necessidade de respeitar dignidade humana e princípio da repatriação segura
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Nesta quinta-feira, 14, a Santa Sé publicou a mensagem do Papa Francisco aos participantes do Fórum Global sobre Refugiados, realizado entre os dias 13 e 15 de dezembro em Genebra, na Suíça. O Pontífice foi representado no evento pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, que fez a leitura da mensagem.
Refletindo sobre os avanços realizados desde a primeira edição do Fórum, há quatro anos, o Santo Padre frisa, em sua mensagem, o empenho em resolver a situação dos refugiados como uma responsabilidade partilhada. Além disso, cita outros sinais positivos relacionados a este esforço, como países e comunidades de acolhimento que mantiveram as suas fronteiras abertas e o trabalho daqueles que salvam vidas no mar.
Por outro lado, Francisco ressalta que todos deveriam ser livres para escolher migrar ou não, tendo a oportunidade de viver uma vida digna no seu próprio país. Neste contexto, recorda que quase 114 milhões de pessoas foram obrigadas a se deslocar (muitas delas internamente), devido a conflitos, violência, perseguições e aos efeitos das mudanças climáticas.
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“Como resultado, continuamos a lamentar as inúmeras vidas perdidas em terra e no mar enquanto procuram proteção ou fogem de um futuro sem esperança”, pontua o Papa. “Proteger e salvar vidas humanas deve continuar a ser a nossa maior prioridade. (…) Muitas vezes esquecemos que por trás destes números existem rostos humanos, cada um com a sua história e sofrimento. Cada número representa um de nossos irmãos e irmãs que precisam de ajuda”, continua, exortando todos a perseverar nesse esforço.
Respeito à dignidade humana
Neste contexto, o Pontífice declara, no texto, que se deve respeitar a repatriação segura e voluntária daqueles que foram forçados a fugir. “Ninguém deve ser repatriado para um país onde possa enfrentar graves violações dos direitos humanos ou mesmo a morte”, sublinha. Para isso, é preciso reconhecer a plena dignidade humana concedida por Deus em cada refugiado.
“Como membros da mesma família humana, cada indivíduo merece um lugar para chamar de lar. Isso significa ter alimentação, acesso à saúde e à educação e um trabalho digno. No entanto, também significa ter um lugar onde você é compreendido e incluído, amado e cuidado, onde você pode participar e contribuir. Os refugiados são pessoas com direitos e deveres e não apenas objetos de assistência”, afirma o Santo Padre.
Por fim, diante do reconhecimento dos avanços já realizados, este é o momento crucial para decidir entre a “cultura da humanidade e da fraternidade” e a “cultura da indiferença”. Assim, Francisco exprime que sua esperança está na reafirmação, por meio do Fórum, dos princípios de fraternidade, solidariedade e não repulsão. Para isso, indica a necessidade de maior cooperação internacional, aliviando a pressão sobre os países que acolhem refugiados.