Em mensagem à Comissão Pontifícia para a América Latina, Pontífice destaca que a ajuda solidária deve se dar visando ao anúncio do Evangelho
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Foto: REUTERS/Remo Casilli
O Papa Francisco enviou uma mensagem à Comissão Pontifícia para a América Latina, publicada pela Santa Sé nesta sexta-feira, 23. O documento foi motivado pelo Encontro com as Instituições e os Organismos de Ajuda à Igreja da América Latina, realizado no Vaticano entre os dias 22 e 23 de junho.
Na mensagem endereçada à Igreja no continente latino-americano, o Pontífice indica que a recente promulgação da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium implica um processo de conversão missionária e sinodal. Contudo, ele destaca que, antes, é necessário converter o coração. “Todos nós precisamos de uma mudança de vida para que a Igreja possa mostrar claramente o rosto genuíno de Jesus Cristo”, afirma.
Ressaltando o papel da Comissão Pontifícia para a América Latina, o Papa cita a Praedicate Evangelium, onde determina que a comissão “tem por missão ocupar-se do estudo das questões que dizem respeito à vida e ao desenvolvimento das suas Igrejas particulares, colocando-se à disposição dos Dicastérios interessados em razão da sua competência, e aconselhá-los e auxiliá-los com recursos econômicos” (n. 111).
Ao ajudar, anunciar o Cristo
No contexto do apoio econômico a alguns projetos evangelizadores, especialmente por meio da colaboração com algumas instituições de ajuda, Francisco agradece pela disposição à cooperação. Neste ponto, ele ressalta que cada instituição tem sua própria natureza e missão, mas todas compartilham uma identidade católica que deve tornar seu trabalho diferente de qualquer organização de ajuda puramente secular.
“O aspecto mais específico de todas as instituições de ajuda da Igreja não é a eficácia administrativa do seu funcionamento – que esperamos seja muito boa –, muito menos o simples esforço humanitário que brota de um coração generoso. O aspecto verdadeiramente original da nossa ajuda é a caridade de Jesus Cristo que nos impele, é aquele amor que nos precede e nos convida a confessar Deus Pai, princípio de todo o bem; a Jesus Cristo, nosso irmão, que nos redimiu; ao Espírito Santo que guia a Igreja, cria comunhão e guia a humanidade para a sua plenitude (cf. 2 Cor 5,13-20)”.
O Pontífice adverte que, se o “essencial cristão” não está presente, resta apenas o frio pragmatismo. Desta forma, recorda São Paulo, que ao ser “alcançado por Cristo”, descobre que sua vida já não pode ser a mesma. Impelido pelo Amor, o Apóstolo dos Gentios entende que ele já não pode deixar de anunciar o evangelho (cf. 1Co 9, 16).
Assim, ao passo que a América Latina precisa de ajuda solidária, ajuda para evangelizar as periferias geográficas e existenciais, esse auxílio não deve se dar de forma superficial. “A cooperação fraterna e sinérgica entre todas as instituições e agências católicas de ajuda, sabendo que são enviadas e vitalizadas pela mesma fonte, encontrará caminhos de complementaridade e colaboração de todos com todos”, conclui o Papa.
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