Na Missa da Ceia do Senhor, realizada nesta Quinta-feira Santa, 9, Francisco refletiu sobre Eucaristia, serviço e unção; Sacerdotes foram recordados: “Estão comigo neste altar”
Julia Beck,
Da redação
A Celebração da Ceia do Senhor, presidida pelo Papa Francisco nesta Quinta-feira Santa, 9, aconteceu na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Diante da pandemia de coronavírus, a solenidade que recorda a instituição da Eucaristia e do sacerdócio foi presidida sem a presença dos fiéis, a bênção dos santos óleos e o rito do lava-pés. Na homilia, o Santo Padre expressou sua proximidade aos sacerdotes: “Hoje, todos os sacerdotes estão comigo neste altar”.
Após a leitura do Evangelho de São João, o Pontífice refletiu sobre Eucaristia, serviço e unção. “O Senhor quer permanecer conosco na Eucaristia. Sempre que a recebemos, tornamo-nos tabernáculos do Senhor, carregamos Ele conosco, a ponto de Ele mesmo dizer que, se não comermos sua carne nem bebermos seu sangue, não entraremos no seu reino”.
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O serviço é, segundo Francisco, o gesto que é a condição para homens e mulheres entrarem no reino dos céus. Ao citar o diálogo entre Jesus e Pedro – em que o apóstolo diz a Cristo: “Tu nunca me lavarás os pés!”, e Jesus responde: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo” –, o Papa afirma compreender que para entrar no reino dos céus é preciso, além de servir, permitir que Deus também nos sirva. “Que o Senhor nos lave, faça-nos crescer e perdoe-nos”, rogou.
Proximidade aos sacerdotes
“Hoje, gostaria de me fazer próximo a todos os sacerdotes, do último ordenado até os bispos, todos”, afirmou o Santo Padre. Os padres, de acordo com o Pontífice, são ungidos pelo Senhor para conduzirem o milagre da Eucaristia, para servir.
Francisco recordou que a Missa do Crisma, que marca a Quinta-feira Santa e a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, seria tradicionalmente realizada hoje. “Esperamos fazê-la antes da solenidade de Pentecostes, do contrário, teremos que adiar para o próximo ano”, comunicou.
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O Pontífice prosseguiu rezando pelos sacerdotes. Primeiro, o Santo Padre se lembrou dos padres que oferecem suas vidas pelo Senhor, que são servidores. “Nestes dias, morreram mais de 60 sacerdotes, aqui na Itália, na assistência aos doentes nos hospitais. Santos do apostolado. Sacerdotes que servindo deram a vida”, refletiu.
Os padres que estão distantes também foram citados pelo Papa. “Hoje, recebi a carta de um sacerdote capelão de um cárcere distante. Ele me contou como vive esta semana com os detentos”, comentou. Muitos destes presbíteros, segundo Francisco, vão para muito longe para levar o Evangelho e, ali, morrem. “Dizia um bispo que a primeira coisa que fazia quando chegava a estes lugares distantes era ir ao cemitério, ver os sacerdotes que morreram jovens”.
Sacerdotes anônimos, párocos da vida rural, também fizeram parte da reflexão do Pontífice. “Uma vez, um padre, que mora em um a zona rural, disse-me que conhecia o nome de todos os habitantes da localidade, inclusive dos cães”, comentou Francisco sorrindo. Esta história, para o Santo Padre, diz da proximidade dos sacerdotes com o povo.
“Levo ao altar os sacerdotes caluniados”, continuou. “Muitos não podem caminhar pelas ruas, pois a eles são ditas coisas feias por consequência da descoberta de sacerdotes que fizeram coisas feias”. O Pontífice revela que muitos padres já o procuraram dizendo que não podiam mais sair de casa com trajes que remetessem ao sacerdócio, pois eram caluniados.
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O Santo Padre falou também dos padres, bispos e Papa que não se esquecem de pedir perdão e aprendem a perdoar. “Sabem que precisam pedir perdão e perdoar. Todos somos pecadores”. Os presbíteros que sofrem crises e não sabem o que fazer também estão nas preces do Papa. “Estão na escuridão e não sabem o que fazer”.
Por fim, Francisco pediu a todos os sacerdotes que não sejam cabeça dura como o apóstolo Pedro. “Deixem que Ele lave os pés!”. O Pontífice pediu também: “Perdoem. Coração grande e generosidade no perdão é a medida com a qual seremos medidos. Não tenham medo de perdoar. Às vezes, temos dúvidas, mas olhem Cristo, ali está o perdão a todos. (…) Agradeço a Deus pela graça do sacerdócio, por vocês sacerdotes. Jesus quer bem a vocês!”.