Francisco alertou aqueles que, tão satisfeitos com si mesmos, fecham o coração à visita e às surpresas do Senhor
Da redação, com Rádio Vaticano
Na Missa matutita, desta quinta-feira, 20, o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho do dia (cf. Lc 19,41-44), que narra o choro de Jesus ao se aproximar de Jerusalém. O Santo Padre explica que o Senhor chora pelo fechamento do coração da cidade eleita, do povo eleito.
“Não havia tempo para abrir-lhe a porta! Estava ocupada demais, satisfeita de si mesma. Jesus, então, continua batendo às portas, como bateu à porta do coração de Jerusalém: às portas de seus irmãos, de suas irmãs, às portas de nosso coração, às portas de sua Igreja. Jerusalém se sentia contente, tranquila com a sua vida e não precisava do Senhor: não havia percebido que necessitava da salvação. E por isso, fechou o seu coração ao Senhor. O pranto de Jesus sobre Jerusalém é o pranto sobre a Sua Igreja, hoje, sobre nós”, disse o Papa na homilia.
Mas por que Jerusalém não recebeu o Senhor?, indagou Francisco. E explicou que foi porque a cidade estava tranquila com o que tinha, “não queria problemas”.
O Santo Padre destacou o trecho do Evangelho no qual Jesus diz: “Se tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz! Mas não, isso está oculto aos teus olhos”. E afirmou que Jerusalém tinha medo de ser visitada pelo Senhor, tinha medo da gratuidade de sua visita. Ela estava segura nas coisas que podia administrar. “Nós somos seguros nas coisas que podemos governar, mas a visita do Senhor, suas surpresas. Nós não podemos controlar”, enfatizou.
O Papa disse ainda que Jerusalém tinha medo de ser salva pelo caminho de surpresas do Senhor, tinha medo do seu Esposo. “Quando o Senhor visita Seu povo, leva a alegria, a conversão; nós não temos medo da alegria, mas sim da felicidade que o Senhor nos traz, porque não a podemos controlar. Temos medo da conversão, porque se converter significa deixar que o Senhor nos conduza”.
“Jerusalém era tranquila, feliz, o templo funcionava. Os sacerdotes faziam os sacrifícios, as pessoas vinham em peregrinação, os doutores da lei tinham organizado tudo, tudo! Tudo claro! Todos os mandamentos claros. Mesmo com tudo isso, Jerusalém tinha a porta fechada”.
Por sua vez, a cruz, “preço daquela rejeição”, mostra o amor de Jesus, o que O leva a “chorar também, hoje, tantas vezes, pela sua Igreja”, ressaltou o Pontífice.
Finalmente, Francisco afirmou se questionar se os pastores e os cristãos que conhecem a fé, o catecismo, que vão à Missa todos os domingos estão felizes com si mesmos e não precisam de novas visitas do Senhor.
“O Senhor continua a bater à porta de cada um de nós e da sua Igreja, dos pastores da Igreja. Sim, a porta do nosso coração, da Igreja, dos pastores não se abre. O Senhor chora também hoje”, explicou o Papa, convidando os presentes a um exame de consciência: “Pensemos em nós: como estamos neste momento diante de Deus?”.