Papa presidiu Missa em Budapeste no encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional
Jéssica Marçal
Da Redação
“E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Essa pergunta de Jesus aos discípulos foi o ponto de partida da homilia do Papa Francisco neste domingo, 12, na Missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional. Esta é a primeira etapa da 34ᵃ viagem apostólica internacional de seu pontificado, que também inclui uma visita à Eslováquia.
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Segundo Francisco, da resposta a essa pergunta, que hoje se dirige a cada um, nasce a renovação do discipulado. Essa renovação se realiza em três passagens: o anúncio de Jesus, o discernimento com Jesus e o caminho atrás de Jesus.
Após a resposta de Pedro – “Tu és o Messias”, Jesus ordena que os discípulos não dissessem isso a ninguém. Francisco explicou que a resposta de Pedro é exata, mas incompleta. Sempre existe o risco de anunciar um falso messianismo: aquele segundo os homens, não segundo Deus. E por isso mesmo Jesus começou a revelar sua identidade, que está expressa na Eucaristia. Jesus fala da glória da ressurreição, mas passando pela humilhação da cruz.
“Diante de nós está a Eucaristia, para nos recordar quem é Deus; não o faz com palavras, mas de modo concreto, mostrando-nos Deus como Pão partido, como Amor crucificado e doado. Podemos acrescentar muitas cerimônias, mas o Senhor permanece ali na simplicidade dum Pão que se deixa partir, distribuir e comer. Para nos salvar, faz-Se servo; para nos dar vida, morre. Faz-nos bem deixar-nos surpreender pelo anúncio de Jesus”.
O discernimento com Jesus
Diante do anúncio feito por Jesus – a cruz, a perspectiva do sofrimento – a reação de Pedro é tipicamente humana, destacou o Papa: a revolta. “A cruz nunca está na moda: ontem, como hoje. Mas cura por dentro”, disse o Pontífice.
Pedro se escandalizou com as palavras de Jesus e começou a repreendê-Lo. O Papa explicou que isso pode acontecer também hoje, com cada um. É a atitude de querer colocar Jesus num canto do coração, considerando-se uma pessoa religiosa e boa, mas que segue por seu caminho sem se deixar conquistar pela lógica de Jesus.
Francisco enfatizou a diferença crucial que existe entre o Deus verdadeiro e o deus que é o “nosso eu”. O Deus verdadeiro reina silenciosamente na cruz, já o falso é o que as pessoas gostariam de ver reinar pela força.
“Jesus sacode-nos, não se contenta com declarações de fé, pede-nos que purifiquemos a nossa religiosidade diante da sua cruz, diante da Eucaristia. Faz-nos bem permanecer em adoração diante da Eucaristia, para contemplarmos a fragilidade de Deus. Dediquemos tempo à adoração”, pediu o Santo Padre.
Atrás de Jesus: percorrer o caminho do Mestre
Já na conclusão da homilia, o Papa enfatizou que o caminho cristão não é uma corrida ao sucesso, mas começa com um passo atrás, com o retirar-se do centro da vida. E isso porque caminhar atrás de Jesus é seguir com a confiança de ser filho amado de Deus; é servir, não ser servido; é ir ao encontro do irmão. E a Eucaristia leva a sentir-se um só Corpo, a fazer-se em pedaço para o outro, acrescentou Francisco.
O Santo Padre recordou os exemplos de Santo Estêvão e Santa Isabel. Pediu que, como eles, os fiéis não se resignem com uma fé que vive de ritos e repetições, mas se abram à novidade escandalosa de Deus crucificado e ressuscitado.
“Ponto de chegada dum percurso, oxalá este Congresso Eucarístico seja sobretudo um ponto de partida. Pois o caminho atrás de Jesus convida a olhar para a frente, a acolher a viragem da graça, a fazer reviver em nós cada dia aquela pergunta que o Senhor, como em Cesareia de Filipe, nos dirige a nós, seus discípulos: E vós, quem dizeis que Eu sou?”, concluiu.