No Estádio Lokomotiva em Košice, Francisco ouviu testemunhos e respondeu perguntas de jovens eslovacos
Da redação
Um encontro com os jovens no Estádio Lokomotiva em Košice. Este foi o terceiro compromisso do Papa Francisco desta terça-feira, 14, na Eslováquia. O Pontífice visita o país desde domingo, 12, quando chegou da Hungria. A conclusão desta que é a 34ª Viagem Apostólica do Santo Padre, acontece nesta quarta-feira, 15.
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Entre os testemunhos e perguntas dos jovens, compartilhados com o Papa, três deles foram destacados. O primeiro foi de Peter e Zuzka, que questionaram sobre o amor no casal.
“O amor é o maior sonho da vida, mas custa”, afirmou Francisco. O Santo Padre prosseguiu destacando que o amor é lindo, mas não é fácil. “É o sonho por excelência, mas não é um sonho fácil de interpretar”.
Francisco pediu que o amor não seja banalizado. “Amor não é só emoção e sentimento; isto, quando muito, será o início. O amor não é ter tudo e súbito, não obedece à lógica do usa e lança fora. O amor é fidelidade, dom, responsabilidade”.
Amor e heroísmo
Segundo o Papa, a verdadeira originalidade, a verdadeira revolução é rebelar-se contra a cultura do provisório. É ir além do instinto e do instante, é amar por toda a vida e com todo o próprio ser.
“Todos vós tereis em mente grandes histórias que lestes nos romances, vistes em algum filme inesquecível, ouvistes em algum conto comovente. Se pensardes bem, nas grandes histórias há sempre dois ingredientes: um é o amor, outro é a aventura, o heroísmo. Andam sempre juntos. Para tornar grande a vida, precisamos de ambos: amor e heroísmo”, frisou.
Fixar Jesus, contemplar o Crucifixo. Para o Pontífice, neles estão presentes um amor sem limites e a coragem de dar a vida até ao fim, sem meias medidas.
Sonhar além da aparência
Ao sonhar o amor, o Santo Padre pediu aos jovens que não acreditem nos efeitos especiais, mas que cada um é especial. Cada qual é um dom, e pode fazer da vida um dom.
“Sonhai uma beleza que vá para além da aparência, para além das tendências da moda. Sem medo, sonhai formar uma família, gerar e educar filhos, passar uma vida inteira partilhando tudo com outra pessoa, sem vos envergonhardes das próprias fragilidades”, exortou.
Os sonhos que cada um tem, dizem a vida que cada um deseja ter, disse o Papa. Francisco sublinhou que os grandes sonhos não são o carro potente, o vestido da moda ou as férias extravagantes.
“Não deis ouvidos a quem vos fala de sonhos e, em vez disso, vende-vos ilusões: são manipuladores de felicidade. Fomos criados para uma alegria maior: cada um de nós é único e está no mundo para se sentir amado na sua singularidade e amar os outros como ninguém o pode fazer no seu lugar”, afirmou.
O Santo Padre reforçou que cada um é único aos olhos de Deus. Homens e mulheres não foram feitos em série, são únicos e livres, e estão no mundo para viver uma história de amor com Deus, para ter a ousadia de decisões grandes, para se aventurarmos no risco maravilhoso de amar, frisou.
Não esquecer as raízes
Para que o amor dê fruto, Francisco pediu aos jovens que não se esqueçam das raízes. As raízes, pontuou, são os pais e sobretudo os avós.
“Regai as raízes, ide ter com os avós: far-vos-á bem. Fazei-lhes perguntas, reservai tempo para ouvir as suas histórias. Hoje há o perigo de crescer desenraizados, porque temos tendência a correr, a fazer tudo depressa”, alertou.
O Pontífice chamou atenção para as armadilhas da internet e do imediatismo. Segundo o Papa, elas fazem com que as pessoas corram o risco de perderem as raízes reais. Desligar-se da vida real, fantasiar no vazio, não faz bem, aconselhou.
Confissão
O egoísmo, a tristeza, o desânimo, as lamentações e o pessimismo vigoram no mundo atual. O Santo Padre pediu aos jovens que não se deixem condicionar por estes sentimentos. “Se dermos crédito a isto, adoecemos de pessimismo. Envelhece-se por dentro”, alertou.
Francisco completou destacando que tais sentimentos não são cristãos. “O Senhor detesta a tristeza e o fazer-se de vítima. Não estamos feitos para fixar a face na terra, mas para levantar o olhar ao céu”.
Quando se sentirem para baixo, o Pontífice aconselhou os jovens a procurarem a Confissão. Este sacramento é caminho para a misericórdia de Deus. De acordo com o Papa, somente o Pai pode levantar homens e mulheres em qualquer situação, perdoando-os de todos os seus pecados.
Depois da confissão, o Santo Padre aconselhou os jovens a permanecerem recordando o perdão que receberam. “Guardai aquela paz no coração, aquela liberdade que sentis dentro de vós”
Aos que sentem vergonha de ir se confessar, Francisco defendeu que não é um problema: trata-se de uma coisa boa. “A vergonha quer dizer que a pessoa não aceita a aquilo que fez. A vergonha é um bom sinal”. Como qualquer sinal, o Pontífice afirma que é um convite a ir mais longe.
Perdão
“Não fiques prisioneiros da vergonha, porque Deus nunca Se envergonha de ti. Ama-te mesmo no ponto em que te envergonhas de ti mesmo. E ama-te sempre”.
Quando há dificuldade de se perdoar e acha-se que Deus também não conseguirá, o Papa frisou: “Deus sofre quando pensamos que Ele não pode perdoar-nos. (…) Deus alegra-Se em nos perdoar, todas as vezes”.
“Quando nos levanta, acredita em nós como na primeira vez. Ele não desanima. Somos nós que desanimamos; Ele não. Não vê pecadores a etiquetar, mas filhos a amar. Não vê pessoas erradas, mas filhos amados; porventura feridos, e então Ele tem ainda mais compaixão e ternura”, completou.
Cruz
Uma pergunta feita a Francisco foi: “Como encorajar os jovens para não terem medo de abraçar a cruz?”. O Santo Padre respondeu que abraçar ajuda a vencer o medo.
“Quando somos abraçados, readquirimos confiança em nós mesmos e na vida. Então, deixemo-nos abraçar por Jesus, pois, quando abraçamos Jesus, reabraçamos a esperança. A cruz, não se pode abraçar por si só; o sofrimento não salva ninguém. É o amor que transforma o sofrimento. Portanto, é com Jesus que se abraça a cruz; nunca sozinho!”, finalizou.