Para explicar a esperança, Francisco citou o exemplo da mulher grávida que vive para encontrar seu filho
Da redação, com Vatican News
A mulher grávida que espera feliz o encontro com o filho e todos os dias toca a barriga para acariciá-lo. Esta é a imagem usada pelo Papa Francisco para explicar o que é a esperança, na homilia da missa celebrada na manhã desta terça-feira, 23, na Casa Santa Marta. A esperança, segundo o Santo Padre, é viver em vista do encontro concreto com Jesus.
No início da homilia, o Pontífice refletiu sobre duas palavras da mensagem litúrgica de hoje: “cidadania” e “herança”. Na Carta de São Paulo aos Efésios, Francisco frisa um Deus que concedeu à humanidade um presente, tornou-a “cidadã”, que consiste em ter uma identidade. “Em Jesus, de fato, Deus ‘aboliu a Lei’ para nos reconciliar, eliminando a inimizade, de modo que podemos nos apresentar, uns aos outros, ao Pai num só Espírito, isto é, ‘nos fez um’. Assim, somos concidadãos dos santos em Jesus”, destacou o Papa.
Portanto, Francisco sublinhou que Deus faz seus filhos caminharem rumo à herança com a certeza de serem concidadãos e de que Ele está presente junto a eles. “A herança é o que buscamos no nosso caminho, o que receberemos no final. Mas é preciso buscá-la todos os dias e o que nos leva avante no caminho da nossa identidade rumo à herança é justamente a esperança, talvez a menor virtude, talvez a mais difícil de entender”, comentou o Pontífice.
Fé, esperança e caridade são um dom, segundo o Papa. “A fé é fácil de compreender, assim como a caridade. Mas o que é a esperança? Sim, é esperar o Céu, encontrar os santos, uma felicidade eterna. Mas o que é o céu para você?”, perguntou Francisco, que respondeu: “Viver na esperança é caminhar, sim, rumo a um prêmio, rumo à felicidade que não temos aqui, mas teremos lá … é uma virtude difícil de entender. É uma virtude humilde, muito humilde. É uma virtude que jamais desilude: se você espera, jamais ficará desiludido”.
Segundo o Santo Padre, ter esperança é ter uma virtude concreta, diante de tantos questionamentos a cerca do céu e do que aguarda o ser humano. “A herança mostra que é a esperança em algo, não é uma ideia, não é estar num belo lugar… não. É um encontro. Jesus sempre destaca esta parte da esperança, este estar à espera, encontrar”, pontuou.
No Evangelho de hoje (Lc 12,35-38), o Pontífice recordou que a esperança consiste no encontro com o senhor quando volta da festa do casamento. “É sempre um encontro com o Senhor, algo concreto. Vem-me à mente, quando penso na esperança, uma imagem: a mulher grávida, a mulher que espera uma criança. Vai ao médico, mostra a ecografia – ‘Ah, sim, a criança… tudo bem’ … Não! Está feliz! E todos os dias toca a barriga para acariciar aquela criança, está à espera da criança, vive esperando aquele filho”, sublinhou.
A imagem da mulher grávida a espera de seu filho ajuda, segundo o Pontífice, que os cristãos entendam o que é a esperança. “É viver para aquele encontro”, afirmou o Papa. “Aquela mulher imagina como serão os olhos do filho, como será o sorriso, como será, loiro ou moreno…mas imagina o encontro com o filho. Imagina o encontro com o filho”, explicitou. A analogia proporciona aos cristãos, de acordo com o Santo Padre, questionamentos sobre como têm se comportado diante deste sentimento.
“Eu espero assim, concretamente, ou espero um pouco no ar, um pouco gnosticamente? A esperança é concreta, é de todos os dias porque é um encontro. E todas as vezes que encontramos Jesus na Eucaristia, na oração, no Evangelho, nos pobres, na vida comunitária, todas as vezes damos um passo a mais rumo a este encontro definitivo. A sabedoria de se alegrar com os pequenos encontros da vida com Jesus, preparando aquele encontro definitivo”, afirmou.
Concluindo, Francisco destacou ainda que a herança é a força com a qual o Espírito Santo leva o cristão avante , e o a exorta questionamentos a cerca da espera do céu, se este é visto como uma herança abstrata ou um encontro.