Discurso espontâneo

Em conversa com universitários, Papa destaca valor do diálogo

Papa visitou nesta manhã universidade em Roma e deu ênfase a problemáticas atuais, como desemprego juvenil e migrações

Jéssica Marçal
Da Redação

Francisco fala a universitários / Foto: Reprodução CTV

Francisco fala a universitários / Foto: Reprodução CTV

Universidade é lugar de diálogo em meio às diferenças, destacou o Papa Francisco ao visitar nesta sexta-feira, 17, a universidade Roma Tre, em Roma. Abandonando o discurso preparado, Francisco refletiu com os universitários sobre temas atuais, como globalização, mudança de época, desemprego e migrações.

Essa foi a primeira visita de Francisco a uma universidade pública da capital romana, onde estudam cerca de 40 mil alunos. Antes de Francisco, o pólo de estudo já havia recebido a visita de outro Papa, João Paulo II, em 2002.

“A instrução e a formação acadêmica das novas gerações é uma exigência primária para a vida e o desenvolvimento da sociedade”, disse o Papa. No discurso que ele havia preparado, estão as reflexões sobre as perguntas de quatro jovens, mas o Papa preferiu responder espontaneamente em vez de lê-lo. “Gosto mais assim”, falou.

Respondendo sobre o “remédio” para combater atos violentos, Francisco indicou o diálogo e um bom coração. “É preciso abaixar um pouco o tom, falar menos e ouvir mais. Há tantos remédios contra a violência, mas o primeiro, antes de tudo, é o coração: um coração que sabe receber, receber o que pensa você. E antes de discutir, dialogar”.

Ao final do encontro, Papa cumprimento universitários e até parou para selfie com alguns jovens / Foto: Reprodução CTV

Ao final do encontro, Papa cumprimentou universitários e até parou para selfie com alguns jovens / Foto: Reprodução CTV

O diálogo foi um ponto que perpassou todo o discurso do Papa, inclusive como uma saída para acabar com o medo gerado no fenômeno migratório. Uma das perguntas dirigidas ao Papa foi de uma imigrante síria, que saiu do país, foi para a ilha de Lesbos após ganhar uma bolsa de estudos e de lá chegou à Itália graças ao Papa Francisco, que quando visitou a ilha grega em abril de 2016 levou em seu avião três famílias sírias, que foram acolhidas em Roma pela Comunidade de Santo Egídio.

Desemprego

O Santo Padre pontuou ainda a triste realidade do desemprego de jovens, uma das preocupações que ele já mencionou várias vezes em seu pontificado. Só na Europa, por exemplo, ele observou que há países onde o índice de jovens desocupados no mercado de trabalho chega a 60%. “Se não podem trabalhar, os jovens não sabem o que fazer”, disse, observando que a falta de trabalho acaba levando ao suicídio ou até mesmo ao alistamento em exércitos terroristas.

O desemprego é um dos resultados de uma “economia líquida”, disse o Papa fazendo alusão ao conceito de liquidez de Zigmund Bauman. Essa liquidez da economia tira a concretude e a cultura do trabalho, considerou o Papa, destacando que a concretude é justamente o meio necessário para resolver não só problemas econômicos, mas também sociais e culturais.

Imigrações

Outra realidade atual e preocupante que apareceu no discurso de Francisco foi o fenômeno migratório, principalmente na Europa que tem sido o destino de tantos imigrantes. O Papa destacou que a Europa foi feita de imigrações, de forma que isso, na verdade, não é um perigo, e sim um desafio para crescer.

Os imigrantes que para lá se dirigem saem principalmente da África e do Oriente Médio, fugindo de fome e guerra. A solução, portanto, é acabar com a guerra e a fome nesses países, disse o Papa, para que as pessoas não precisem abandonar seus países de origem.

Uma vez mais, o Pontífice destacou a necessidade de acolhimento a essas pessoas que procuram um futuro melhor longe de seus países de origem, onde a vida se tornou arriscada. É preciso acolhê-los como irmãos; cada país deve analisar o número que consegue acolher, mas sempre é possível acolher pelo menos um pouco, disse o Papa.

Por fim, reiterou que os imigrantes precisam ser não só acolhidos, mas também integrados na sociedade, a fim de que aprendam uma nova cultura e possam também partilhar a sua, o que enriquece e acaba com o medo que perpassa o fenômeno migratório.

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