Papa Francisco disse que a “misericórdia é profecia de um mundo novo em que os bens da terra e do trabalho são distribuídos de modo equânime e ninguém fica desprovido do necessário”
Da redação, com Rádio Vaticano
No último compromisso do Papa Francisco em sua visita à região de Molise, no sul da Itália, neste sábado, 5, o Santo Padre encontrou-se com autoridades civis e o povo da cidade de Isernia, na praça da Catedral do município. Na ocasião, o Pontífice abriu o Ano Jubilar Celestiniano.
Em seu discurso, o Papa destacou que São Celestino V, assim como São Francisco de Assis, sentiu a necessidade de dar ao povo a coisa mais importante: “a misericórdia do Pai, o perdão”.
O Papa destacou que São Celestino e São Francisco tiveram “um fortíssimo sentido da misericórdia de Deus”. Ambos conheciam a sociedade de seu tempo com suas grandes pobrezas e tinham a mesma forte compaixão de Jesus pelas muitas pessoas cansadas e oprimidas.
Entretanto, disse o Pontífice, eles não se limitavam a dispensar bons conselhos, mas eles, por primeiro, fizeram uma “escolha contracorrente”, confiando-se na “Providência do Pai” e sentiram a necessidade de dar ao povo a misericórdia do Pai:
“A misericórdia, a indulgência, o perdão da dívida, não é somente algo de devocional, de íntimo, um paliativo espiritual, uma espécie de óleo, que nos ajuda a sermos mais suaves, mais bons. Não! É a profecia de um mundo novo. Misericórdia é profecia de um mundo novo em que os bens da terra e do trabalho são distribuídos de modo equânime e ninguém fica desprovido do necessário, porque a solidariedade e a partilha são a consequência concreta da fraternidade”, ressaltou o Papa.
Assim se revela o significado do Ano jubilar Celestiniano que o Papa declarou aberto e durante o qual “será escancarada a todos a porta da divina misericórdia”. Segundo Francisco, não se trata de uma fuga da realidade, mas é “a resposta que vem do Evangelho”:
“O amor como força de purificação das consciências, força de uma renovação das relações sociais, força de projeção por uma economia diferente, que no centro coloca a pessoa, o trabalho, a família, e não o dinheiro e o lucro.”
“Este caminho não é o do mundo (… )não somos sonhadores”, disse o Papa Francisco, porém, ressaltou o Pontífice com veemência, “este caminho é bom para todos”.
O Papa explicou que, como o ser humano sabe que é pecador e sempre é tentado a não seguir o Senhor, ele se confia à misericórdia de Deus e se compromete a produzir frutos de conversão e de misericórdia:
“Essas duas coisas: converter-se e fazer obras de misericórdia. Essa é a música, por assim dizer, deste ano, deste ano jubilar, deste ano Celestiniano.”
São Celestino nasceu em Isernia em 1215. Seu nome de batismo era Pietro da Morrone, porém ele escolheu o nome de Celestino V ao ser eleito Papa, no ano de 1294.
Após o encontro, o Papa regressou de helicóptero ao Vaticano. A previsão de chegada era às 20h15 (hora local, 15h15 em Brasília).
