Íntegra

Discurso do Papa - Reunião das Obras para ajuda às Igrejas Orientais

Discurso do Papa - Reunião das Obras para ajuda às Igrejas Orientais
DISCURSO
Audiência com os participantes da Assembleia da Reunião das Obras para ajuda às Igrejas Orientais (R.O.A.C.O)
Sala do Consistório do Palácio Apostólico
Quinta-feira, 20 de junho de 2013

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Queridos amigos,

1. Bem vindos, todos! Acolho-vos com alegria para agradecer ao Senhor, junto aos irmãos e irmãs do Oriente, aqui representados por alguns de seus Pastores e por vossos Superiores e Colaboradores da Congregação para as Igrejas Orientais e membros das Agências que compõem a ROACO. Sou grato a Deus pela fidelidade a Cristo, ao Evangelho e à Igreja, que os católicos têm demonstrado ao longo de séculos, enfrentando todo cansaço pelo nome cristão e “conservando a fé” (cfr 2 Tm 4, 6-8). Estou próximo a eles com gratidão.  Estendo o meu agradecimento a cada um de vocês, e às Igrejas das quais vocês são expressão, pelo quanto trabalham em seu favor e retribuo a cordial saudação que me dirigiu o Cardeal Prefeito. Como os meus Predecessores, desejo encorajar-vos e apoiar-vos no exercício da caridade, que é o único motivo de orgulho para os discípulos de Jesus. Esta caridade vem do amor de Deus em Cristo: a Cruz é o seu vértice, sinal luminoso da misericórdia e da caridade de Deus para com todos, que foi derramada em nossos corações por meio do Espírito Santo (cfr Rm 5, 5).

2. É para mim um dever exortar à caridade, que é inseparável daquela fé na qual o Bispo de Roma, o Sucessor do apóstolo Pedro, deve confirmar os irmãos. O Ano da Fé nos leva a professar de modo ainda mais convencido o amor de Deus em Cristo Jesus. Peço-vos para acompanharem-me na minha tarefa de unir a fé à caridade, que é inerente ao Serviço Petrino. Sant Inácio de Antioquia tem aquela densa expressão com a qual define a Igreja de Roma: “a Igreja que preside à caridade” (Carta aos Romanos, saudação). Convido-vos, portanto, a colaborar “na fé e na caridade de Jesus Cristo Deus nosso” (ibid), recordando-vos que o nosso trabalho será eficaz somente se enraizado na fé, alimentado pela oração, especialmente pela Santa Eucaristia, Sacramento da fé e da caridade.

3. Queridos amigos, é este o primeiro testemunho que devemos oferecer no nosso serviço a Deus e aos irmãos, e somente deste modo cada ação nossa será fecunda. Continuem o vosso trabalho inteligente e carinhoso na realização de projetos bem ponderados e coordenados, que dêem a oportuna prioridade à formação, especialmente dos jovens. Mas não esqueçam nunca que estes projetos devem ser sinais daquela profissão de amor de Deus que constitui a identidade cristã. A Igreja, na multiplicidade e riqueza de seus componentes e de suas atividades, não encontra a sua segurança em meios humanos. A Igreja é de Deus, tem confiança na sua presença e na sua ação e leva ao mundo o poder de Deus que é aquele do amor. A Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Medio Oriente seja para vocês uma referência preciosa no vosso serviço.

4. A presença dos Patriarcas de Alexandria dos Coptos e da Babilônia dos Caldeus, como os Representantes Pontifícios na Terra Santa e na Síria, do Bispo auxiliar do Patriarca de Jerusalém e da Custódia da Terra Santa, levam-me com o coração aos Lugares Santos da nossa Redenção, mas reaviva em mim a viva preocupação eclesial com as condições de tantos irmãos e irmãs que vivem em uma situação de insegurança e de violência que parecem intermináveis e não poupa os inocentes e os mais frágeis. A nós crentes é pedido a oração constante e confiante para que o Senhor conceda a desejada paz, unida à partilha e à solidariedade concreta. Gostaria de dirigir mais uma vez do fundo do meu coração um apelo aos responsáveis dos povos e dos organismos internacionais, aos crentes de cada religião e aos homens e mulheres de boa vontade para que se coloque fim a toda dor, toda violência, toda discriminação religiosa, cultural e social. O confronto que semeia morte deixe espaço ao encontro e à reconciliação que leva vida. A todos aqueles que estão no sofrimento digo com força: não percam nunca a esperança! A Igreja está com vocês, acompanha-os e os apoia! Peço-vos para fazer tudo o possível para aliviar as graves necessidades das populações atingidas, em particular as sírias, o amado povo da Síria, os deslocados, os refugiados sempre mais numerosos. O próprio Santo Inácio de Antioquia pedia aos cristãos de Roma: “lembrem-se em vossa oração da Igreja na Síria… Jesus Cristo se voltará a ela e à sua caridade” (Carta aos Romanos IX, I). Também eu vos repito isso: lembrem-se em vossa oração da Igreja na Síria… Jesus Cristo se voltará a ela e à sua caridade . Ao Senhor da vida, confio as incontáveis vítimas e imploro à Santíssima Mãe de Deus para que console quantos estão na “grande tribulação” (Ap 7, 14). É verdade, isto na Síria é uma grande tribulação!

Sobre cada um de vós, sobre vossas agências e sobre todas as Igrejas Orientais, concedo de coração a Benção Apostólica.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo