Entrevista

Diante da oração, o diabo não tem esperança, afirma Papa

Confira um pouco do que foi a entrevista inédita com Francisco para o livro “Exorcistas contra Satanás”, do jornalista Fabio Marchese Ragona, lançado nesta terça-feira, 11

Da redação, com Vatican News

Foto: Vatican MediaIPAABACAPRESS.COM

Em uma entrevista inédita, contida no livro “Exorcistas contra Satanás” (Piemme) do jornalista Fabio Marchese Ragona – lançado nesta terça-feira, 11, o Papa Francisco reiterou que o diabo sempre tenta atacar a todos e semeia discórdia, mesmo na Igreja. O texto começa com um relato de um exorcismo a uma religiosa. No episódio, o diabo teria dito sobre o Santo Padre: “Eu o odeio, ele sempre fala mal de mim. Já viu os problemas que eu crio para ele?”. Sobre a frase, o Pontífice comentou:

“Eu não conheço o caso pessoalmente e, portanto, não posso fazer uma avaliação. Mas é realmente possível que eu aborreça o diabo porque tento seguir o Senhor e fazer o que o Evangelho diz. E isso o incomoda. Ao mesmo tempo, ele certamente fica satisfeito quando eu cometo algum pecado. Ele procura o fracasso do homem, mas não há nenhuma esperança se houver oração”.

Contato com pessoas possuídas

O Pontífice recordou o tempo em que era arcebispo de Buenos Aires e várias pessoas o procuravam dizendo que estavam possuídas. O Santo Padre contou que os enviou para consulta a dois  padres “especialistas”, ou seja, exorcistas.

“Ambos me disseram mais tarde que, dessas pessoas, apenas duas ou três eram realmente vítimas de possessão diabólica. Os outros sofriam de obsessão diabólica, o que é uma coisa bem diferente porque não tinham o diabo em seus corpos. Isto deve ser especificado”.

Francisco afirmou nunca ter realizado um exorcismo. Segundo ele, caso precisasse realizar um, pediria o apoio de um bom exorcista.

O diabo, o Vaticano e o Papa

Durante a entrevista, o Papa sublinhou que o diabo tenta atacar a todos, sem distinção. “Ele tenta atacar especialmente aqueles que têm maior responsabilidade na Igreja ou na sociedade. Até mesmo Jesus sofreu tentações do diabo e se pensa também naquelas de Simão Pedro a quem Jesus disse: ‘Afasta-te de mim, Satanás'”, lembrou. Deste modo, Francisco frisou que o Papa também é atacado pelo maligno.

“Nós somos homens e ele sempre tenta nos atacar. É doloroso, mas diante da oração ele não tem esperança! E então é verdade, como disse São Paulo VI, que o diabo também pode entrar no templo de Deus, para semear a discórdia e colocar uns contra outros: as divisões e os ataques são sempre obra do diabo. Ele sempre tenta se insinuar para corromper o coração e a mente do homem. A única salvação é seguir o caminho indicado por Cristo”, indicou.

Discernimento

O Santo Padre afirmou que existem demônios muito perigosos, e sublinhou os demônios “educados”:

“Jesus também fala deles, lemos isso no Evangelho de Lucas: ele diz que quando o espírito mau é expulso, ele vagueia pelo deserto em busca de alívio. Mas a certa altura ele se aborrece e volta para ‘casa’, de onde tinha sido expulso, e vê que a casa está consertada, é linda, assim como era quando ele estava dentro”.

O Pontífice prossegue afirmando que aquele demônio vai chamar alguns outros demônios que são mais maus do que ele. “Eles entram na casa, educadamente, tocam a campainha, tomam posse educadamente. A alma, não tendo o cuidado de examinar a consciência, não os percebe. Ou por tibieza espiritual, deixa-os entrar. Estes são terríveis. Porque eles matam você. É a possessão mais feia”, disse.

A mundanização espiritual cobre todas estas coisas, alertou o Papa. De acordo com Francisco, “não há como escapar”: ou o diabo destrói de forma direta com guerras e injustiças ou o faz educadamente, de forma muito diplomática, como diz Jesus. “É preciso discernimento”, ressaltou.

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