Entrevista coletiva

Diálogo, jovens, imigração: Papa fala aos jornalistas após visita a Genebra

Santo Padre fez balanço da viagem e respondeu a perguntas de jornalistas sobre temas atuais

Da Redação, com Boletim da Santa Sé 

Papa responde a perguntas de jornalistas durante o voo de volta a Roma após visita a Genebra / Foto: Reprodução Reuters

Diálogo, a preocupação com os jovens, imigração. Esses foram alguns dos assuntos abordados pelo Papa Francisco na coletiva de imprensa no voo que o levou de volta a Roma após a visita a Genebra, na Suíça, nesta quinta-feira, 21. Francisco revelou que o dia foi cansativo para ele, mas se mostrou muito feliz com a viagem.

“Estou contente porque as diversas coisas que fizemos, seja a oração no início, depois o diálogo durante o almoço, que foi belíssimo, e depois a Missa, são coisas que me fizeram feliz. Cansaço, mas são coisas boas. Muito obrigado”, disse Francisco.

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Perguntado por um jornalista sobre o que o marcou neste dia, o Papa respondeu com a palavra “encontro”. “A palavra certa do dia é encontro, e quando uma pessoa encontra outra e sente prazer pelo encontro, isto sempre toca o coração. Foram encontros positivos, também belos”.

Um dos temas que foram abordados no almoço, encontro que os jornalistas não acompanharam, foi os jovens. Segundo o Papa, esse foi talvez um dos temas que mais ocupou o tempo, pois todas as confissões religiosas estão preocupadas, no bom sentido, com os jovens. “O pré-Sínodo que foi feito em Roma atraiu bastante a atenção, porque eram jovens de todas as confissões, também agnósticos, e de todos os países. Pensem: 315 jovens presentes e 15 mil ligados em rede. Isto talvez despertou um interesse especial”.

Outro tema levantado na coletiva de imprensa foi o caso dos bispos alemães e a questão da admissão à Eucaristia no caso de matrimônios interconfessionais (quando um dos cônjuges é católico e o outro protestante). “Esta não é uma novidade, porque no Código de direito canônico está previsto aquilo de que os bispos alemães falavam: a Comunhão em casos especiais”, disse Francisco.

O Santo Padre repassou os dados sobre o caso e lembrou que o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luis Francisco Ladaria Ferrer, escreveu uma carta a respeito, mas com sua autorização, não o fez sozinho, e que de fato se deveria aprofundar a situação. “Depois haverá outra reunião, e no fim estudarão o caso. Creio que este será um documento orientador, para que cada um dos bispos diocesanos possa gerir aquilo que já o Direito canônico permite”.

Refugiados

Sobre a questão dos refugiados, um dos jornalistas lembrou que também o secretário-geral do Conselho Ecumênico das Igrejas falou da ajuda aos refugiados. Francisco voltou a indicar os seguintes critérios para lidar com a situação: “acolher, proteger, promover, integrar”.

“Cada país deve fazer isso com a virtude do governo que é a prudência, porque um país deve acolher tantos refugiados quanto pode e quantos pode integrar: integrar, isso é, educar, dar trabalho… Este, direi, é o plano tranquilo, sereno dos refugiados”.

Francisco atentou ainda para o problema do tráfico de migrantes. “Os traficantes logo separam mulheres de homens: mulheres e crianças vão para Deus sabe onde…Isso fazem os traficantes”.

A paz: uma exigência

Outra pergunta levantada ao Papa foi sobre a doutrina da “guerra justa” e as chamadas “Igrejas da paz”, que são igrejas com a concepção de que se uma pessoa utiliza a violência não pode mais ser considerada cristã.

“Creio que todas as Igrejas que têm este espírito de paz devem se reunir e trabalhar juntas, como dissemos nos discursos de hoje, seja eu seja as outras pessoas que falaram. A unidade para a paz. Hoje a paz é uma exigência, porque há o risco de uma guerra…O empenho pela paz é uma coisa séria (…) Os conflitos, não precisa resolvê-los como Caim, mas com a negociação, com o diálogo, com as mediações”.

“Se a senhora diz que há ‘Igrejas da paz’ eu me pergunto: mas há ‘Igrejas da guerra’? É difícil entender isso, é difícil, mas certamente há alguns grupos, e eu direi em quase todas as religiões, grupos pequenos, simplificando um pouco direi ‘fundamentalistas’ que procuram as guerras. Também nós católicos temos alguns, que procuram sempre a destruição. É muito importante ter isso sob os olhos”, acrescentou Francisco.

O Santo Padre encerrou a coletiva destacando que este foi um dia propriamente ecumênico. “No movimento ecumênico devemos tirar do dicionário uma palavra: proselitismo. Claro? Não pode haver ecumenismo com proselitismo, é preciso escolher: ou você é de espírito ecumênico, ou você é um ‘proselitista’”.

 

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