Mensagem

Dia do Enfermo: Papa alerta sobre hipocrisia e frisa importância do servir

Em mensagem para Dia Mundial do Enfermo 2021, Papa recorda pessoas que sofrem com os efeitos da pandemia do coronavírus

Julia Beck
Da redação

Capelães visitam enfermos, seus familiares e profissionais de saúde nos hospitais oferecendo suporte espiritual/ Foto: Paula Dizaró – Canção Nova

A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Enfermo – celebrado no dia 11 de fevereiro – é dedicada às pessoas que sofrem em todo o mundo com os efeitos da pandemia do coronavírus, em especial os mais pobres e marginalizados. O Santo Padre alerta sobre o mal da hipocrisia e reforça a solidariedade fraterna, que se manifesta concretamente no serviço. 

O tema deste dia foi inspirado no trecho bíblico do Evangelho segundo São Mateus: “Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos” (Mt 23, 8). E tem como título: A relação de confiança, na base do cuidado dos doentes.

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.: Íntegra da mensagem do Papa

O trecho evangélico escolhido pelo Pontífice como tema é uma crítica de Jesus à hipocrisia de muitos que dizem, mas não fazem. “Quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência entre o credo professado e a vida real”, escreve Francisco.

A hipocrisia, aponta o Papa, é um risco grave. “Esta crítica feita por Jesus àqueles que «dizem e não fazem» (23, 3) é sempre salutar para todos, pois ninguém está imune do mal da hipocrisia, um mal muito grave, cujo efeito é impedir-nos de desabrochar como filhos do único Pai, chamados a viver uma fraternidade universal”.

O Santo Padre recorda que Jesus apresentou um modelo de comportamento totalmente oposto a esse mal: propõe deter-se, escutar, estabelecer uma relação direta e pessoal, sentir empatia e enternecimento, deixar-se comover pelo seu sofrimento até lhe valer e servir (cf. Lc 10, 30-35).

A experiência da doença

“A experiência da doença faz-nos sentir a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, a necessidade natural do outro”, constata Francisco. O Papa frisa que, nesta experiência, homens e mulheres se encontram em uma situação de impotência, porque a saúde não depende de suas próprias capacidades.

A doença, explicou também o Pontífice, obriga quem sofre a questionar-se sobre o sentido da vida; uma pergunta que, na fé, se dirige a Deus. O Santo Padre recorda a figura bíblica de Job, homem cuja esposa e os amigos não conseguem acompanhá-lo na sua desventura.

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“Job cai num estado de abandono e confusão. Mas é precisamente através desta fragilidade extrema, rejeitando toda a hipocrisia e escolhendo o caminho da sinceridade para com Deus e os outros, que faz chegar o seu grito instante a Deus, que acaba por responder abrindo-lhe um novo horizonte”.

Francisco afirma que a Job Deus confirmou que o sofrimento não é uma punição nem um castigo, tal como não é distanciamento de Deus nem sinal de indiferença d’Ele. E assim, do coração ferido e recuperado de Job, brotou uma vibrante e comovente declaração ao Senhor: “Os meus ouvidos tinham ouvido falar de Ti, mas agora veem-Te os meus próprios olhos” (Job 42, 5).

A doença tem sempre um rosto, destaca o Santo Padre, e até mais do que um: o rosto de todas as pessoas doentes, mesmo daquelas que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais (cf. Enc. Fratelli tutti, 22).

A dedicação dos profissionais de saúde

O Papa sublinha em sua mensagem que a atual pandemia colocou em evidência as insuficiências dos sistemas sanitários e carências na assistência às pessoas doentes. Pede mais investimento de recursos nos cuidados e assistência das pessoas doentes e frisa a dedicação e generosidade de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras, sacerdotes, religiosos e religiosas que confortaram e serviram tantos doentes e os seus familiares.

“Uma série silenciosa de homens e mulheres que optaram por fixar aqueles rostos, ocupando-se das feridas de pacientes que sentiam como próximo em virtude da pertença comum à família humana”, destacou o Santo Padre.

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A proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença, reafirma o Papa. Aos cristãos, o Pontífice pede que vivam a proximidade como expressão do amor de Jesus Cristo. “Somos chamados a ser misericordiosos como o Pai e a amar, de modo especial, os irmãos doentes, frágeis e atribulados (cf. Jo 13, 34-35)”.

Solidariedade fraterna que se revela no serviço

Por fim, o Papa salienta em sua mensagem a solidariedade fraterna, que se manifesta concretamente no serviço, podendo assumir formas muito diferentes mas todas elas tendentes a apoiar o próximo.

“Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo. Neste compromisso, cada um é capaz de, «à vista concreta dos mais frágeis (…), pôr de lado as suas exigências e expectativas, os seus desejos de omnipotência (…): o serviço fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até ‘padece”’com ela e procura a promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos ideias, mas pessoas”.

Francisco confia todas as pessoas doentes, os agentes da saúde e quantos se prodigalizam junto dos que sofrem a Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos. “Que Ela, da Gruta de Lurdes e dos seus inumeráveis santuários espalhados por todo o mundo, sustente a nossa fé e a nossa esperança e nos ajude a cuidar uns dos outros com amor fraterno”.

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