Papa enviou mensagem ao clero da Venezuela reunido em encontro virtual; “Não podemos agir sozinhos, isolados com agendas ocultas”, alertou
Da redação, com Vatican News
A Conferência Episcopal da Venezuela promove um encontro virtual entre bispos, sacerdotes diocesanos e religiosos nesta terça-feira, 19, e quinta-feira, 20, com o objetivo de promover, em um diálogo fraterno, um espaço para ouvir suas experiências neste momento de emergência sanitária devido à pandemia, para receber suas sugestões e para planejar ações pastorais. O tema central é: “Nossos sacerdotes na pandemia: sua experiência e exercício ministerial neste período”.
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Neste contexto, o Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo aos participantes. Em sua mensagem, o Santo Padre inicia afirmando: “Esta é uma oportunidade para compartilhar, em um espírito de fraternidade ministerial, suas experiências sacerdotais, seus trabalhos, suas incertezas, assim como seus anseios e sua convicção de continuar o trabalho da Igreja, que é o trabalho do Senhor”.
O Pontífice segue sua mensagem: “nestes momentos difíceis, lembro-me da passagem do Evangelho de Marcos, que nos conta como os Apóstolos, ao retornarem da missão para a qual Jesus os havia enviado, reuniram-se ao seu redor. Eles lhe contaram tudo o que tinham feito, tudo o que tinham ensinado. Então, Jesus os convidou a ir, a sós com ele, a um lugar deserto para descansar por um tempo”.
Devemos agir em unidade
O Papa observa: “O nosso ser Pastores da Igreja, mesmo no contexto atual, exige que atuemos desta forma. Não podemos agir sozinhos, isolados, autossuficientes, com agendas ocultas. É indispensável que voltemos sempre a Jesus, que nos reunamos em fraternidade sacramental, para contar a Ele e uns aos outros ‘tudo o que fizemos e ensinamos’, com a convicção de que não é obra nossa, mas de Deus.
Recordando que a assembleia se realiza virtualmente por causa da Covid-19, Francisco recorda aos sacerdotes dois princípios fundamentais que não devem ser esquecidos na missão de testemunhar e estender a paternidade do Senhor no povo santo de Deus: “amor ao próximo e serviço um ao outro. Estes dois princípios estão ancorados em dois sacramentos que Jesus instituiu na Última Ceia, e que são o fundamento, por assim dizer, de sua mensagem: a Eucaristia, para ensinar o amor, e o lava-pés, para ensinar o serviço. Amor e serviço juntos, senão não dá certo”.
Imitar o Bom Pastor
O Senhor nos quer, continua Francisco “especialistas na tarefa de amar os outros e capazes de mostrar-lhes, na simplicidade de pequenos gestos diários de afeto e atenção, a carícia da ternura divina. Ele também quer que sejamos servos de nossos irmãos, mas humildes servos.
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Para conseguir isso, explica o Papa, “é necessário reviver na vida o desejo de imitar o Bom Pastor, e aprender a ser ‘servos’ de todos, em particular dos irmãos e irmãs menos afortunados, e tantas vezes descartados, e garantir que, neste momento de crise, eles se sintam acompanhados, apoiados e amados”. Francisco segue convidando todos a seguir adiante e agradece “pelo testemunho de amor e serviço a seus irmãos e irmãs venezuelanos, dado aos doentes, aos quais foi levada por todos vocês a força da Palavra de Deus e da Eucaristia”. Agradece também pelo zelo em socorrer os pobres e excluídos para que vivam com dignidade.
Não se dividam, unam-se
Por fim, Francisco conclui: “Confio todos vocês aos cuidados de Nossa Senhora de Caromoto e de São José”, e em sua bênção faz um apelo: “Que Deus abençoe as suas esperanças, suas boas intenções e, acima de tudo, que Ele abençoe e acompanhe sua unidade. Não se dividam, irmãos. Não se dividam. Há sempre uma chance de união. Assim como há sempre a possibilidade de se isolar e criar uma atitude do coração sectário, fora da unidade da Igreja”.