Caminho de fraternidade foi ênfase no discurso do Papa aos representantes de diversas igrejas cristãs no Iraque, às vésperas do aniversário de um ano da sua visita ao país
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Às vésperas do primeiro aniversário da viagem do Papa Francisco ao Iraque, o Pontífice recebeu, nesta segunda-feira, 28, um grupo de representantes das igrejas cristãs no Iraque. Em seu discurso, a recordação da realidade do martírio nessas terras, acompanhada pelo encorajamento à unidade entre os cristãos e ao diálogo inter-religioso no caminho da fraternidade.
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Francisco esteve no Iraque de 5 a 8 de março do ano passado. Uma visita inesquecível, disse ele logo no início do seu discurso. O Papa lembrou que as terras iraquianas são o início das antigas civilizações do Oriente Médio, da história da salvação, da vocação de Abraão e também do início dos cristãos. Mas terras também de exilados e de cristãos que foram obrigados a emigrar devido a perseguições e guerras.
O Pontífice frisou também o testemunho corajoso de fidelidade ao Evangelho oferecido pelas comunidades que pertencem à história mais antiga do Iraque. “Como o sangue de Cristo, derramado por amor, levou reconciliação e fez florescer a Igreja, assim o sangue desses numerosos mártires do nosso tempo, pertencentes a diversas tradições, mas unidos no mesmo sacrifício, seja semente de unidade entre os cristãos e sinais de uma nova primavera da fé”.
Comunhão entre os cristãos
As Igrejas no Iraque colaboram, através de relações fraternas, no campo da pastoral, da formação e do serviço aos mais pobres. Há uma enraizada comunhão entre os cristãos do país, um caminho encorajado por Francisco.
“Encorajo vocês a seguirem nesse caminho, a fim de que, mediante iniciativas concretas, um diálogo constante e o que mais importa, o amor fraterno, se realizem passos adiante rumo à plena unidade”, pontuou.
O Santo Padre observou que, em meio a tantas lacerações e discórdias, os cristãos resplandecem como um sinal profético de unidade na diversidade. E não é possível imaginar o Iraque sem os cristãos, voltou a afirmar o Pontífice.
Diálogo inter-religioso e combate ao extremismo
No discurso de Francisco, aceno também à importância do diálogo inter-religioso. Os cristãos no Iraque há tempos convivem lado a lado com outras religiões. Segundo o Papa, eles têm uma vocação imprescindível: o empenho a fim de que as religiões estejam a serviço da fraternidade.
“Vocês sabem bem que o diálogo inter-religioso não é questão de pura cortesia. Não, vai além. Não é questão de negociação ou diplomacia. Não, vai além. É um caminho de fraternidade voltado para a paz, um caminho muitas vezes cansativo, mas que, especialmente nestes tempos, Deus pede e abençoa”.
Esse caminho precisa de paciência e compreensão, pontuou Francisco. Mas é um caminho que faz crescer como cristão. E o diálogo é também o melhor antídoto contra o extremismo, um perigo para os adeptos de toda religião e uma grave ameaça à paz.
“É preciso trabalhar para erradicar as causas remotas dos fundamentalismos, destes extremismos que se enraízam mais facilmente em contextos de pobreza material, cultural e educacional, e são alimentados por situações de injustiça e precariedade, como as deixadas pelas guerras”.
Encorajamento: manter o olhar fixo em Jesus
Francisco concluiu o discurso com palavras de encorajamento. Enquanto tantos ameaçam a paz, ele pede que não se tire o olhar de Jesus, Príncipe da paz. “E não deixemos de invocar o seu Espírito, artífice de unidade”.
“Peçamos à Santíssima Trindade, modelo da verdadeira unidade que não é uniformidade, fortalecer a comunhão entre nós e nossas Igrejas. Poderemos, assim, corresponder ao sincero desejo do Senhor de que os seus discípulos sejam ‘uma só coisa’”, concluiu.