Francisco apontou que líderes religiosos devem se concentrar em elementos em comum durante audiência com participantes de conferência inter-religiosa
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado, 30, os participantes da conferência inter-religiosa All Religions’ Conference, que é promovida pelo Sree Narayana Dharma Sanghom Trust e completou 100 anos.
Em seu discurso, o Pontífice destacou que “o desrespeito aos nobres ensinamentos das religiões é uma das causas da complicada situação em que o mundo se encontra hoje”. Nesse contexto, exortou o diálogo inter-religioso por meio de “verdades espirituais” e “valores compartilhados”.
No início de sua fala, o Santo Padre recordou o primeiro organizador da conferência, Sree Narayana Guru. Segundo Francisco, o líder espiritual dedicou a vida a “promover o resgate social e religioso com a sua mensagem clara de que todos os seres humanos, independentemente da sua etnia ou das suas tradições religiosas e culturais, são membros da única família humana”.
Tal mensagem, cem anos depois, ressoa na “conferência de todas as religiões”, organizada com o apoio do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso. O tema do encontro, “Religiões unidas por uma humanidade melhor”, é descrito pelo Papa como “muito atual e extremamente importante para os nossos tempos”.
Ódio e intolerância
O mundo de hoje, observou o Pontífice, é palco de crescentes casos de intolerância e ódio entre povos e nações. Fenômenos de “discriminação e exclusão, tensões e violências”, baseados em “diferenças de origem étnica ou social, raça, cor, língua e religião”, tornaram-se “uma experiência cotidiana para muitas pessoas e comunidades”.
Diante disso, o Santo Padre recordou o Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Convivência Comum, assinado durante a Viagem Apostólica de fevereiro de 2019 aos Emirados Árabes Unidos com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb. O texto afirma que Deus “criou todos os seres humanos iguais em direitos, deveres e dignidade, e os chamou a viver como irmãos uns dos outros”.
Esta é uma verdade fundamental, pontuou Francisco, compartilhada por todas as religiões. Elas ensinam, acrescentou, que, “como filhos do único Deus, devemos amar e honrar uns aos outros, respeitar as diversidades e diferenças em um espírito de fraternidade e inclusão, cuidar uns dos outros e também da terra, nossa casa comum”.
Redescobrir os valores em comum
Se a negligência a esses ensinamentos é causa das turbulências no mundo, sinalizou o Papa, a redescoberta desses valores só será possível “se todos nos esforçarmos para vivê-los e cultivar relações fraternas e amigáveis com todos, com o único objetivo de fortalecer a unidade na diversidade, garantir uma convivência harmoniosa entre as diferenças e ser agentes de paz, apesar das dificuldades e desafios que enfrentamos”.
Neste contexto, o Pontífice expressou ainda o desejo de cooperação entre todas as “pessoas de boa vontade” para promover uma cultura de “respeito, dignidade, compaixão, reconciliação e solidariedade fraterna”.
A partir dos elementos que têm em comum, concluiu o Santo Padre, os representantes das diferentes religiões podem caminhar e trabalhar juntos para construir uma humanidade melhor, permanecendo cada um firmemente enraizado em suas crenças e convicções religiosas.