Francisco celebrou a Santa Missa desta Quarta-feira de Cinzas na Basílica de Santa Sabina, em Roma
Julia Beck
Da redação
“Descobrir que Deus nos ressuscita das nossas cinzas”. Este é o pedido feito pelo Papa Francisco nesta Quarta-feira de Cinzas, 26. Após procissão penitencial da Igreja de Sant’Anselmo até a Basílica de Santa Sabina, em Roma, o Pontífice presidiu a Santa Missa e a benção e imposição das Cinzas. No início de sua homilia, o Pontífice recordou a frase bíblica: “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás!” (Gen. 3, 19).
O Santo Padre frisou: “Somos frágeis e mortais”. Quando comparados à imensidão da galáxia, Francisco observou que homens e mulheres são considerados pó do universo, mas que nunca devem se esquecer que são um pó amado por Deus. “Somos um pó precioso, destinado a viver para sempre. Somos a terra à qual Deus estendeu seu céu. Somos a esperança de Deus”, completou. Segundo o Papa, a cinza recorda o percurso da existência humana.
“Somos pó, terra, barro, mas se nos deixarmos plasmar pelas mãos de Deus somos uma maravilha. O Senhor nos encoraja a sermos o pouco que somos aos olhos Dele”, sublinhou. O Pontífice fez questão de destacar que todos são amados porque nasceram para serem filhos de Deus.
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Sobre a Quaresma, iniciada nesta quarta-feira, Francisco lembra que não é um tempo para que os cristãos caiam em “inúteis moralismos”, mas um tempo de graça para acolher o olhar amoroso de Cristo. O Santo Padre revelou que todos estão no mundo para caminhar das cinzas à vida, e apelou: “Não pulverizemos a esperança nem incineremos o sonho que Deus tem para nós!”.
O Pontífice pediu aos fiéis que tenham confiança em Deus mesmo diante de um mundo que vai mal, onde o medo se alastra, e é possível perceber malvadez e uma sociedade que está se descristianizando. Mesmo diante de tantas dificuldades, o Papa questionou: “Acreditas que Deus pode transformar o nosso pó em glória?”.
“A cinza que recebemos na testa abala os pensamentos que temos na cabeça, lembra que somos filhos de Deus e que não podemos correr atrás do pó que desaparece. Pode descer da cabeça ao coração essa pergunta: ‘Para que vivo, se vivo para as coisas do mundo que passam? Volto ao pó e renego as coisas que Deus fez por mim? Procuro prestígios? Busco fazer carreira? Estou vivendo de pó? Se julgo mal a vida e acho que não recebo o que mereço, então estou apenas olhando o pó”, alertou.
O Papa destacou que a cinza também recorda o percurso que vai da vida ao pó. “Ao olharmos ao nosso redor, vemos o pó da morte. Vidas reduzidas a cinzas nos escombros, na guerra. Vidas de bebês inocentes, pobres rejeitados, idosos descartados. Continuamos a nos destruir e a voltar ao pó”, refletiu.
O Santo Padre também falou do pós nas relações – brigas em famílias, dificuldade de perdoar, de recomeçar – do pó do mundanismo e da hipocrisia. “Quantas vezes fazemos algo para sermos louvados, para nos vangloriarmos. Quantas vezes nos dizemos cristãos e nos rendemos a paixões que nos escravizam? Quantas vezes pregamos uma coisa e fazemos outra? Quantas vezes nos mostramos bons por fora e por dentro guardamos rancores? Quanta duplicidade temos no coração! É pó que suja. Cinza que sufoca o fogo do amor”.
Diante da necessidade de limpar o pó que se deposita no coração, Papa Francisco destacou a exortação de São Paulo na segunda Leitura desta Quarta-feira de Cinzas: “Deixai-vos reconciliar com Deus” (2 Cor 5, 20), passagem bíblica que está no tema de sua mensagem para a Quaresma deste ano. Segundo o Papa, São Paulo não exige, mas suplica, em nome de Cristo: “Deixai-vos reconciliar com Deus”. O verbo “deixai”, de acordo com o Pontífice reforça que a santidade não é uma obra humana, mas uma graça. “Sozinhos não somos capazes de tirar o pó que suja o coração. Só Jesus que conhece e ama o nosso coração pode limpá-lo”, complementou.
Imposição das Cinzas
Após a homilia, o Pontífice realizou a benção e imposição das Cinzas sobre os membros do clero e leigos presentes na Santa Missa desta Quarta-feira de Cinzas na Basílica de Santa Sabina, em Roma.