Papa comentou a recente descoberta no Canadá dos restos mortais de 215 crianças indígenas
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco comentou, neste domingo, 6, após o Angelus, a recente descoberta no Canadá. Foram encontrados os restos mortais de 215 crianças de uma escola residencial indígena, descoberta anunciada no fim do mês de maio passado.
“Acompanho com tristeza as notícias que chegam do Canadá sobre a descoberta chocante dos restos mortais de 215 crianças, alunos da Kamloops Indian Residential School (Escola Residencial Indígena Kamloops), na província da Colúmbia Britânica”.
Francisco se une aos bispos do país em manifestar sua proximidade ao povo canadense, traumatizado com esta “notícia chocante”. Em nota, no dia 31 de maio, a Conferência Episcopal do Canadá comentou com “profunda dor” a descoberta, noticiou o Portal Vatican News. Os bispos se comprometeram em continuar seu trabalho para trazer à luz a verdade e em “caminhar lado a lado com os povos indígenas, buscando uma maior cura e reconciliação para o futuro”.
Afastar das colonizações ideológicas
Segundo o Papa, essa triste descoberta aumenta ainda mais a consciência das dores e dos sofrimentos do passado. “Que as autoridades políticas e religiosas do Canadá continuem a colaborar com determinação para esclarecer este triste caso e a se comprometer humildemente por um caminho de reconciliação e cura”, pediu.
Francisco destacou ainda a questão da colonização ideológica e a necessidade de se afastar disso. “Estes momentos difíceis representam um forte apelo para todos nós, a nos afastarmos do modelo colonizador e também das colonizações ideológicas de hoje, e caminharmos lado a lado no diálogo, no respeito mútuo e no reconhecimento dos direitos e valores culturais de todas as filhas e filhos do Canadá”.
“Confiamos ao Senhor as almas de todas as crianças mortas na escola residencial do Canadá e rezamos pelas famílias e comunidades autóctones canadenses atingidas pela dor. Rezemos em silêncio”, concluiu o Papa.
Sobre as escolas residenciais
As escolas residenciais no Canadá tinham como objetivo assimilar os indígenas à cultura europeia, afastando-os da família e erradicando sua identidade cultural. Esta modalidade de internato era administrada pelo governo e por autoridades religiosas nos séculos XIX e XX. A escola Kamloops era a maior nesse sistema.