Os membros da Associação Cinematográfica Católica Italiana foram recebidos pelo Papa neste sábado, 7, no Vaticano
Vatican News
O Papa Francisco recebeu, no Vaticano, neste sábado, 7, os membros da Associação Cinematográfica Católica Italiana, por ocasião de seus setenta anos de fundação. Em seu discurso, o Pontífice destacou três palavras importantes para o contexto em que trabalham os membros dessa associação: comunhão, criatividade e visão.
O cinema “é um grande instrumento de agregação”. “Especialmente no período depois da guerra, o cinema contribuiu de maneira excepcional para reconstruir o tecido social com vários momentos de agregação. Quantas praças, salas e oratórios transmitiam esperanças às pessoas que assistiam filmes”, disse o Papa.
Era também “um momento educacional e de formação para restabelecer as relações destruídas pelas tragédias vividas. Como podemos esquecer as grandes produções que contaram aqueles anos? Eu gosto de mencionar, porque me sinto muito familiarizado com isso em nosso encontro, o filme ‘As crianças nos olham’. É um trabalho bonito e rico de significado”, sublinhou Francisco, acrescentando:
“Todo o cinema do pós-guerra é uma escola de humanismo. Vocês italianos fizeram isso, com os seus grandes produtores, não se esqueçam disso! Quando éramos crianças, os pais nos levavam para assistir esses filmes que formaram os nossos corações. É preciso retomar isso! Mencionei o da família, mas são muitos. Vocês são herdeiros dessa grande escola de humanismo, da humanidade que é o cinema do pós-guerra.”
“A fé é uma relação, um encontro e sob o impulso do amor de Deus nós podemos comunicar, acolher e entender o dom do outro e corresponder”, disse ainda o Santo Padre, exortando a construir comunhão entre os membros da associação e organizações católicas que trabalham com cinema.
“A arte cinematográfica, como qualquer expressão artística, é fruto da criatividade, que revela a singularidade do ser humano, sua interioridade e intencionalidade. A criatividade é fundamental: sabemos muito bem como as novas plataformas digitais representam um desafio para a mídia tradicional”, disse ainda o Pontífice.
O cinema também é questionado pelo progresso das tecnologias modernas. “As suas associações e organizações, se não quiserem se tornar ‘museus’, devem responder a essas perguntas de maneira ativa e criativa”, sublinhou o Papa.
“A visão de uma obra cinematográfica pode abrir várias fendas na alma humana. Tudo depende da carga emocional que é dada à visão. Pode haver evasão, emoção, risada, medo e interesse. Tudo está ligado à intencionalidade na visão, que não é um simples exercício ocular, mas algo mais. É o olhar sobre a realidade. De fato, o olhar revela a orientação mais diversificada da interioridade, porque é capaz de ver as coisas e ver as coisas por dentro. O olhar também leva as consciências a um exame atencioso.”
Francisco exortou os membros da Associação Cinematográfica Católica Italiana a viverem o seu trabalho “com sentido e estilo eclesial. É o melhor remédio para não cair na auto-referência que sempre mata”, concluiu.