Prosseguindo com o ciclo de reflexões sobre o zelo apostólico, Francisco apresentou, hoje, o testemunho de São Charles de Foucauld
Da Redação, com Vatican News
Na Catequese desta quarta-feira, 18, o Papa Francisco apresentou o testemunho de São Charles de Foucauld. Os fiéis reunidos na Praça de São Pedro ouviram sobre o “homem que fez de Jesus e dos seus irmãos mais pobres a paixão da sua vida”, em mais um exemplo de zelo apostólico no ciclo de reflexões sobre o tema.
O Pontífice narrou que, depois de uma juventude longe de Deus e fundamentada na busca pelo prazer, o francês encontrou a razão do seu viver, expressando: “Perdi o meu coração por Jesus de Nazaré”. Segundo o Santo Padre, “o irmão Charles nos recorda que o primeiro passo para evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é ‘perder a cabeça’ por Ele. Se isso não acontece, dificilmente conseguiremos mostrá-lo com a vida”.
Neste sentido, ele destacou que, em muitos “movimentos novos que estão surgindo”, vê especialmente a preocupação em falar da sua própria espiritualidade, organização e visão da humanidade. Contudo, apontou Francisco, esses grupos “não sabem falar de Jesus”, e diante disso, reforçou a ideia de que é preciso ter o Cristo no centro do coração.
Evangelizar com “toda a nossa existência”
Retornando à história de São Charles de Foucauld, ele contou que, aconselhado pelo seu confessor, o francês vai em peregrinação à Terra Santa visitar os lugares por onde Jesus passou. Durante este tempo, foi particularmente em Nazaré que Charles entendeu que deveria formar-se “na escola de Cristo”, passando a viver uma relação intensa com Ele, lendo os Evangelhos por longas horas e sentindo-se “seu pequeno irmão”.
“Sempre acontece assim: quando cada um de nós conhece mais Jesus, nasce o desejo de torná-lo conhecido, de partilhar este tesouro com a vida, porque ‘toda a nossa existência’, escreve o Irmão Carlos, ‘deve gritar o Evangelho’. Muitas vezes, na nossa existência, grita mundanidade, gritam coisas estúpidas, coisas estranhas. Mas ele diz: ‘não, toda a nossa existência deve gritar o Evangelho’”, frisou o Papa.
A força da Adoração Eucarística
A partir desta experiência, São Charles de Foucauld decidiu estabelecer-se em regiões distantes para “gritar o Evangelho no silêncio”. Ele se dirigiu então ao deserto do Saara, para viver entre os não cristãos, chegando a eles como amigo e irmão e levando a mansidão de Jesus presente na Eucaristia.
Leia mais
.: Papa convoca dia de oração pela paz no mundo para 27 de outubro
.: Papa: mundo está poluído pelas aparências e pela cultura da maquiagem
O Santo Padre comentou que o francês chegava a ficar dez horas por dia em Adoração diante do tabernáculo, com a certeza de que a força evangelizadora está ali e sentindo que Jesus o aproximava dos irmãos que estavam distantes. Diante disso, o Pontífice comentou ainda que está convencido “que nós perdemos o sentido da adoração. Devemos recuperá-lo. Começando por nós consagrados, pelos bispos, sacerdotes, religiosas, todos os consagrados. Perder tempo diante do tabernáculo. Recuperar o sentido da adoração”.
Importância do leigo na evangelização
São Charles de Foucauld também ensinou sobre o papel do leigo na Igreja. O Papa retomou um de seus escritos, onde o francês expressou que “todo cristão é apóstolo” e que “perto dos padres são necessários leigos que vejam o que o padre não vê, que evangelizem com uma proximidade de caridade, com uma bondade para todos, com um afeto sempre pronto a se doar”.
Francisco sinalizou que, a partir destas reflexões, São Charles de Foucauld antecipou o Concílio Vaticano II, intuindo a importância dos leigos e do povo de Deus como um todo no anúncio do Evangelho. “Leigos apaixonados pelo Senhor, que fazem entender ao padre que ele não é um funcionário, mas um mediador, um sacerdote. Quanto nós sacerdotes precisamos ter perto de nós leigos, esses leigos que acreditam realmente e com o seu testemunho nos ensinam o caminho”, sublinhou.
Mansidão, bondade e simplicidade
O Papa também enfatizou a mansidão no testemunho de São Charles de Foucauld, recordando que o “estilo de Deus” se define em proximidade, compaixão e ternura. Ele “é uma figura que é profecia para o nosso tempo, que testemunhou a beleza de comunicar o Evangelho por meio do apostolado da mansidão”, definiu o Pontífice, indicando ainda que “ele, que se sentia um ‘irmão universal’ e acolhia a todos, nos mostra a força evangelizadora da mansidão, da ternura”.
Por fim, o Santo Padre comentou que São Charles de Foucauld desejava que todos encontrassem nele a bondade de Jesus. Bondade essa que “pede que sejamos pessoas simples, que não tenham medo de dar um sorriso. Com o sorriso, com a sua simplicidade irmão Carlos dava testemunho do Evangelho”, concluiu Francisco.