Na Audiência Geral desta quarta-feira, 13, Francisco apresentou o testemunho do Beato José Gregório, cuja vida foi marcada pela caridade com os doentes
Da Redação, com Vatican News
Reunida na Praça de São Pedro, uma multidão de fiéis foi ao encontro do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 13. O Pontífice continuou com o seu ciclo de reflexões sobre o zelo apostólico e a paixão pela evangelização, e apresentou o testemunho de um leigo – o Beato José Gregório Hernández Cisneros.
Nascido na Venezuela, em 26 de outubro de 1864, José Gregório recebeu a fé católica sobretudo de sua mãe. Como fez nas últimas catequeses, o Santo Padre ressaltou o papel das mulheres na evangelização: “São as mães que transmitem a fé. A fé se transmite em dialeto, ou seja, com a linguagem das mães, aquele dialeto que as mães sabem falar com os filhos”.
O beato venezuelano, durante sua vida, tornou-se médico, professor universitário e cientista. Conhecido como “médico dos pobres” em seu país, José Gregório teve a caridade como estrela a nortear sua existência, expressou o Papa, preferindo a riqueza do Evangelho em vez da financeira.
“Nos pobres, nos doentes, nos migrantes, nos sofredores, José Gregório via Jesus. E o sucesso que nunca buscou no mundo o recebeu, e continua recebendo das pessoas que o chamam de ‘santo do povo’, ‘apóstolo da caridade’, ‘missionário da esperança’”, descreveu Francisco.
Movido pelos desígnios de Deus
Ele também conta que o venezuelano era movido por um fogo interior, pelo desejo de viver a serviço de Deus e do próximo. Esse ardor o levou a tentar, muitas vezes – sem sucesso por conta de suas condições de saúde –, ingressar na vida religiosa. Contudo, as fragilidades físicas o tornaram um médico ainda mais sensível às dores de seus pacientes.
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“Eis o zelo apostólico dele: não segue as próprias aspirações, mas a sua disponibilidade aos desígnios de Deus. E assim o Beato compreendeu que, por meio do cuidado dos doentes, colocaria em prática a vontade de Deus, socorrendo os que sofrem, dando esperança aos pobres, testemunhando a fé não com palavras, mas com o exemplo. (…) Chegou assim, nesta estrada interior, a acolher a medicina como um sacerdócio: ‘o sacerdócio da dor humana’. Quão importante é não sofrer passivamente as coisas, mas, como diz a Escritura, fazer tudo com bom coração, para servir ao Senhor”, manifestou o Pontífice.
O Papa sublinhou que esse zelo de José Gregório vinha de uma certeza e de uma força, baseados na graça divina. Com a necessidade dessa graça, o beato foi um homem de oração que buscava a intimidade com Deus. E no contato com Jesus, ele conseguiu se oferecer no altar por todos, sentindo-se chamado a doar sua vida pela paz.
Chamados a promover o bem
A peregrinação terrena de José Gregório chegou ao fim em 29 de junho de 1919. Francisco comentou que, neste dia, o médico soube que o tratado que encerrava a Primeira Guerra Mundial fora assinado, e sentindo que sua missão na terra estava concluída após sua oferta pela paz ser aceita, ele morreu após ser atropelado naquele mesmo dia.
Ao final do relato, o Santo Padre indicou que o testemunho do Beato José Gregório estimula o compromisso diante das grandes questões sociais, econômicas e políticas de hoje. “Mas o cristão não é chamado a isso, mas sim a se ocupar disso, a sujar as mãos: antes de tudo, como nos disse São Paulo, a rezar, e depois a empenhar-se não em falatórios, a fofoca é uma praga, mas na promoção do bem, na construção da paz e da justiça na verdade. Também isso é zelo apostólico, é anúncio do Evangelho, é bem-aventurança cristã: ‘Bem-aventurados os pacificadores’”, concluiu Francisco.