Texto preparado para Audiência Geral desta quarta-feira, 19, cancelada devido à internação do Papa, foi divulgado pela Santa Sé e reflete sobre reis magos
Da Redação, com Vatican News
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Foto: Reprodução The Basilica of Saint Mary
A Santa Sé divulgou o texto da reflexão do Papa Francisco preparado para a Audiência Geral desta quarta-feira, 19. O compromisso foi cancelado porque o Pontífice está internado no Hospital Gemelli desde sexta-feira, 14, para tratar uma infecção nas vias respiratórias e uma pneumonia bilateral.
O texto, parte do ciclo de catequeses sobre “Jesus Cristo, nossa esperança” (cuja primeira parte se concentra na infância de Jesus), apresenta algumas reflexões sobre a visita dos reis magos (Mt 2,1-12).
“Atraídos pelo aparecimento de uma estrela, que em muitas culturas é presságio do nascimento de pessoas excepcionais, alguns sábios partem do Oriente sem conhecer exatamente o destino de sua jornada”, inicia o Papa, observando que os magos não fazem parte do povo da aliança.
Após falar dos pastores de Belém, marginalizados por serem considerados “impuros”, o Santo Padre se concentra em outra categoria de excluídos: os estrangeiros. “Os Evangelhos nos dizem, portanto, com clareza, que os pobres e os estrangeiros são dos primeiros a serem convidados a encontrar o Deus feito criança, o Salvador do mundo”, escreve Francisco.
Ele observa que os magos foram considerados representantes das raças primordiais, geradas pelos três filhos de Noé; dos três continentes conhecidos na Antiguidade (Ásia, África e Europa); e das três fases da vida humana (juventude, maturidade e velhice). “Independentemente de qualquer possível interpretação, eles são homens que não permanecem imóveis, mas, como os grandes chamados da história bíblica, sentem o convite para se mover, para partir em caminhada. São homens que sabem olhar além de si mesmos, sabem olhar para o alto”, pontua o Papa.
O receio do rei Herodes
Dessa forma, a estrela que surgiu no céu os atrai e os conduz até Jerusalém, onde encontram o rei Herodes. Inquieto pelo medo de perder o trono, o monarca logo tenta esclarecer a situação, pedindo que os escribas façam uma investigação. “O poder do soberano terreno mostra, assim, toda a sua fraqueza”, afirma o Pontífice.
“No entanto”, prossegue, “os escribas, que sabem identificar com precisão o lugar do nascimento do Messias, indicam o caminho aos outros, mas eles mesmos não se movem! Pois não basta conhecer os textos proféticos para sintonizar-se com as frequências divinas; é preciso deixar-se transformar interiormente e permitir que a Palavra de Deus reavive o anseio pela busca e acenda o desejo de ver Deus”.
Na sequência, o Santo Padre explica que o rei Herodes, agindo como os enganadores e violentos, pergunta aos reis magos sobre o momento exato do aparecimento da estrela e os incentiva a continuar a viagem e depois voltar para informá-lo, para que ele também possa adorar o recém-nascido. “Para aqueles que estão apegados ao poder, Jesus não é a esperança a ser acolhida, mas uma ameaça a ser eliminada”, adverte.
Reconhecer Deus na pequenez
Ao partirem, os reis magos voltam a ver a estrela, que os conduz até Jesus. “A visão da estrela desperta naqueles homens uma alegria incontida, porque o Espírito Santo, que move o coração de todo aquele que busca Deus com sinceridade, também o preenche de alegria”, destaca Francisco.
Ele prossegue e sublinha que, ao entrarem na casa, os magos prostram-se, adoram Jesus e lhe oferecem presentes preciosos. Isso porque, apesar de verem apenas um menino, não lhes é ocultada a glória de Deus. “Os magos tornam-se, assim, os primeiros que acreditam dentre todos os pagãos, imagem da Igreja reunida de todas as línguas e nações”, enfatiza o Papa.
Diante disso, o Pontífice lança um convite a todos os fiéis para que também se coloquem na escola dos reis magos que, cheios de coragem, dirigiram seus passos, seus corações e seus bens àquele que é a esperança não só de Israel, mas de todos os povos. “Aprendamos a adorar Deus em sua pequenez, em sua realeza que não oprime, mas liberta e torna capazes de servir com dignidade. E ofereçamos a Ele os mais belos presentes, para expressar nossa fé e nosso amor”, conclui.