Catequese

Aprender com São José a cultivar espaços de silêncio, pede Papa

Na Catequese, Francisco incentivou os fiéis a darem ao Espírito, através do silêncio, a oportunidade de os regenerar, de os consolar, de os corrigir

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 15/ Foto: REUTERS/Remo Casilli

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre São José na Audiência Geral desta quarta-feira, 15. Depois de ilustrar o ambiente em que o santo viveu, o seu papel na história da salvação e o seu ser justo e esposo de Maria, o Pontífice examinou outro aspecto importante da pessoa de José: o silêncio.

“Deus se manifestou no momento de maior silêncio. É importante pensar no silêncio nesta época em que parece não ter muito valor”, sublinhou o Santo Padre.

Francisco recordou que os Evangelhos não registram palavras de José de Nazaré. Isto, explicou o Papa, não significa que ele fosse taciturno. “Com este silêncio, José confirma o que Santo Agostinho escreveu: ‘Na medida em que cresce em nós a Palavra, o Verbo que se fez homem, diminuem as palavras'”.

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“José com o seu silêncio nos convida a deixar espaço à Presença da Palavra feita carne, ou seja, a Jesus”, disse ainda o Pontífice. Francisco sublinhou que o silêncio de José não é mutismo; é um silêncio cheio de escuta, um silêncio laborioso, um silêncio que faz emergir a sua grande interioridade. “Jesus cresceu nesta “escola”, na casa de Nazaré, com o exemplo diário de Maria e José.”

Recuperar uma vida aberta pelo silêncio

O Pontífice afirmou que seria bom se cada um, seguindo o exemplo de São José, conseguisse recuperar a dimensão contemplativa da vida aberta pelo silêncio.

“Todos sabemos por experiência que não é fácil: o silêncio nos assusta um pouco, porque nos pede para entrarmos em nós mesmos e encontrarmos a parte mais verdadeira de nós. Tanta gente tem medo do silêncio e precisa falar, falar ou ouvir rádio, ver televisão, mas não pode aceitar o silêncio porque tem medo”, alertou.

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O filósofo Pascal, disse o Santo Padre, observou que “toda a infelicidade dos homens provém de uma só coisa: não saber ficar tranquilo num quarto”. 

O Papa convidou homens e mulheres a aprenderem “de São José a cultivar espaços de silêncio, nos quais possa surgir outra Palavra: a do Espírito Santo que habita em nós”.

A fala pode adoecer

“Não é fácil reconhecer esta Voz, que muitas vezes se confunde com os milhares de vozes de preocupações, tentações, desejos e esperanças que nos habitam; mas sem este treino que provém precisamente da prática do silêncio, até a nossa fala pode adoecer”, destacou.

A fala, em vez de fazer resplandecer a verdade, pode tornar-se uma arma perigosa, alertou Francisco. “De fato, as nossas palavras podem tornar-se adulação, soberbia, mentira, maledicência, calúnia”. Lembra o Eclesiástico, disse o Santo Padre, «a língua mata mais do que a espada».

Segundo o Pontífice, Jesus disse claramente: quem fala mal do irmão ou da irmã, quem calunia o próximo, é homicida.  Mata com a língua. “Nós não acreditamos nisso, mas é verdade. Pensemos um pouco nas vezes em que matamos com a língua, sentiríamos vergonha!”.

Cultivar o silêncio

O Papa afirmou que devemos aprender de José a cultivar o silêncio: “aquele espaço de interioridade nos nossos dias nos quais damos ao Espírito a oportunidade de nos regenerar, de nos consolar, de nos corrigir”.

“Não estou dizendo para cair no mutismo, não. Silêncio. Cada um de nós olhe para dentro, muitas vezes estamos fazendo uma coisa e quando terminamos procuramos imediatamente o telefone celular para fazer outra. Estamos sempre assim. E isto não ajuda, isto nos faz escorregar para a superficialidade”.

A profundidade do coração cresce com o silêncio, prosseguiu o Santo Padre, o silêncio que não é mutismo, mas que deixa espaço para a sabedoria, a reflexão e o Espírito Santo. Francisco pediu aos fiéis que não tenham medo dos momentos de silêncio, pois isso fará muito bem.

Segundo o Papa, “o benefício para os nossos corações curará também a nossa língua, as nossas palavras e, sobretudo, as nossas escolhas. Com efeito, José uniu ao silêncio à ação. Ele não falou, mas fez, e assim nos mostrou o que Jesus disse uma vez aos seus discípulos: «Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos Céus»”.

“Silêncio. Palavras fecundas quando falamos. Silêncio, falar direito, morder um pouco a língua, o que às vezes é bom, em vez de dizer bobagem”, concluiu Francisco.

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