Visita do Papa a Mianmar foi marcada por diplomacia, diálogo inter-religioso e pedido de paz
Da redação, com Rádio Vaticano
A vida dos católicos em Mianmar jamais será a mesma, foram as palavras do Cardeal-Arcebispo de Yangun, Dom Charles Bo, ao resumir a visita inédita de quatro dias do Papa ao país. Francisco, antes de partir na manhã desta quinta-feira, 30, afirmou que a finalidade principal da viagem era confirmar os irmãos na fé em meio às provações e aos desafios de um país que, aos poucos, tenta deixar para trás quase 60 anos de ditadura militar.
As expectativas, seja da comunidade católica local, ou do Pontífice, foram amplamente confirmadas. As 16 dioceses do país se mobilizaram para acolher o Papa, os fiéis não pouparam esforços para estarem presentes na Missa pública em Yangun — o que gerou a comoção do Santo Padre —, o sincero encontro entre o Papa e os Bispos, e a Missa com os jovens, foram alguns dos compromissos envolvendo o Santo Padre e a população de Mianmar.
A viagem do Pontífice ao país de maioria budista, ganhou conotação inter-religiosa, diante do evento extraoficial que reuniu 17 líderes na sede do Arcebispado para ressaltar a “unidade na diversidade” e da reunião com o Conselho Supremo dos monges, que reafirmou a colaboração e o respeito mútuo.
A diplomacia esteve presente na visita do general Min Aung Hlaing ao Santo Padre, assim que chegou a Yangun. O Chefe das Forças Armadas alterou o programa estabelecido e adiantou seu encontro com o Papa, inicialmente previsto para o último dia, esta quinta-feira, 30. Com a Conselheira de Estado, Aung San Suu Kyi, o Pontífice reafirmou seu apoio ao processo de transição e reconciliação, no respeito de todas as etnias do país, justamente em um momento que a líder histórica se encontra acuada entre a oposição no seu próprio país e as críticas da comunidade internacional. “O futuro de Mianmar é a paz”, disse o Pontífice.
A visita também incluiu o tema do respeito ao meio ambiente diante das riquezas naturais de Mianmar, que são também fonte de conflito e devastação e, consequentemente, de sofrimento para a população. Agora a visita prossegue em Bangladesh, com outros temas e desafios, sendo um deles os efeitos da globalização da indiferença.