Nesta sexta-feira, 11, Francisco encontrou-se com participantes do Congresso Mundial de Ginecologia Oncológica. “Doente é muito mais que o protocolo”, afirmou
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 11, na Sala Paulo VI, no Vaticano, os participantes do Congresso Mundial de Ginecologia Oncológica. Depois de dar as boas-vindas aos presentes, o Pontífice ressaltou que o encontro oferece-lhe uma oportunidade para conhecer e apreciar o compromisso da associação em favor das mulheres que enfrentam doenças difíceis e complexas. “Em seu precioso serviço, vocês estão cientes da importância de criar laços de solidariedade entre os pacientes com doenças graves, envolvendo os parentes e profissionais de saúde numa relação de ajuda recíproca. Isto se torna ainda mais precioso quando confrontado com doenças que podem seriamente colocar em risco ou prejudicar a fertilidade e a maternidade. Nessas situações, que têm um impacto profundo na vida da mulher, é indispensável cuidar, com grande sensibilidade e respeito, da condição psicológica, relacional e espiritual de cada paciente”.
Francisco os encorajou em seu compromisso de considerar as dimensões de uma cura integral, mesmo nos casos em que o tratamento é essencialmente paliativo. Nesta perspectiva, o Pontífice destacou que se torna útil envolver pessoas capazes de partilhar o caminho de cura, dando uma contribuição de confiança, esperança e amor. “Todos sabemos, e também já foi demonstrado,” frisou ainda o Papa, “que viver boas relações ajuda e apoia os doentes ao longo de todo o percurso do tratamento, reacendendo ou aumentando a esperança neles. A proximidade do amor abre as portas para a esperança e também para a cura”.
O Papa observou que o doente é muito mais que o protocolo dentro do qual ele se enquadra do ponto de vista clínico. “A prova disso é que quando o paciente vê sua singularidade reconhecida, aumenta a confiança na equipe médica e num horizonte positivo. Tudo isso não pode ser apenas a expressão de um ideal, mas deve encontrar cada vez mais espaço e reconhecimento dentro dos sistemas de saúde. Muitas vezes, diz-se que a relação, o encontro com os agentes de saúde, faz parte da cura”.
Em seguida, Francisco perguntou: “Concretamente, como desenvolver essa grande necessidade dentro da organização hospitalar, fortemente condicionada por exigências funcionais?”. O Santo Padre prosseguiu manifestando “tristeza e preocupação com o risco bastante difundido de deixar a dimensão humana do cuidado das pessoas doentes à “boa vontade” de cada médico, em vez de considerá-la como parte integrante do tratamento oferecido pelas estruturas de saúde”.
“Não devemos permitir que a economia entre no mundo da saúde com prepotência, penalizando os aspectos essenciais como a relação com os doentes. Nesse sentido, são louváveis as diversas associações sem fins lucrativos que colocam os pacientes no centro, apoiando suas exigências e perguntas legítimas e também dando voz a quem, devido à fragilidade de sua condição pessoal, econômica e social, não consegue se fazer ouvir”. O Pontífice ressaltou que a condição de doença recorda a atitude decisiva para o ser humano que é a de confiar-se. “Confiar-se ao outro, irmão e irmã, e ao Outro com letra maiúscula que é o nosso Pai celestial. Lembra também o valor da proximidade, do tornar-se próximo, como Jesus nos ensina na parábola do Bom Samaritano”. “Quanto cura uma carícia no momento oportuno! Vocês sabem melhor do que eu”, concluiu.