Em mensagem, Francisco reforçou a necessidade de um desarmamento integral: somente parando a corrida armamentista poderemos evitar a autodestruição
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco refletiu sobre o significado da Páscoa da Ressurreição em uma mensagem publicada pela revista semanal l’Espresso. Com o olhar voltado para a guerra na Ucrânia e em outros lugares do mundo, o Pontífice citou a “Pacem in terris”, do Papa João XXIII, de onde tirou a coragem de dizer não ao rearmamento e à violência, “porque a verdadeira paz não pode nascer do medo”.
“O que podemos esperar em um mundo tão ferido pela guerra e pela violência? Continuamos tendo nos olhos as terríveis imagens que nos chegam da atormentada Ucrânia, mas, muitas vezes, não nos lembramos de outros conflitos esquecidos, outros focos de violência, os muitos ‘pedaços’ da Terceira Guerra Mundial que, infelizmente, estamos vivendo”, escreveu Francisco no início de seu texto.
A paz esteja convosco
Na Páscoa, o Papa afirmou que para os cristãos ressurge o Príncipe da Paz, aquele Jesus de Nazaré que, entrando no Cenáculo onde seus apóstolos estavam reunidos, ainda com medo por tê-lo visto morrer na cruz, disse-lhes: “A paz esteja convosco!”.
“A paz esteja convosco é o desejo que trocamos neste dia. Para dizer verdadeiramente ‘não’ à guerra e à violência, não basta apenas silenciar as armas e deter os agressores. É necessário extirpar as raízes das guerras e das violências, que são o ressentimento, a inveja, a ganância. Agrada-me que, nestes dias, existam meios de comunicação, como o vosso semanário, que decidem dar espaço e voz aos pacificadores. Porque é preciso ter a coragem de ‘desarmar’ os corações, de ‘desmilitarizá-los’, de remover o veneno e o ressentimento”, frisou.
Não ao rearmamento
Para o Santo Padre, a sociedade precisa também de coragem para dizer “não” ao rearmamento. Segundo ele, a verdadeira paz não pode nascer do medo. “O que é necessário é o que, sessenta anos atrás, São João XXIII, em sua encíclica Pacem in terris, chamou de ‘desarmamento integral’: o critério da ausência de guerra que se baseia no equilíbrio dos armamentos deve ser substituído pelo princípio de que a verdadeira paz só pode ser construída na confiança mútua”.
“Entendo que para alguns ouvidos estas palavras podem soar utópicas, especialmente neste momento. Mas não é utopia, é realismo saudável: somente parando a corrida armamentista, que retira recursos para combater a fome e a sede e para garantir assistência médica para aqueles que não a têm, poderemos evitar a autodestruição de nossa humanidade”, reforçou.
Por fim, o Pontífice desejou uma Feliz Páscoa e repetiu as palavras do Nazareno Ressuscitado: “A paz esteja convosco!”