Francisco refletiu acerca da importância de oferecer correção fraterna quando alguém nos ofende e recorda o convite de Jesus para falar em particular, em vez de espalhar fofocas
Da redação, com Vatican News
O Papa está de volta ao Angelus na Praça São Pedro, já que há exatamente uma semana cumpria agenda na Ásia durante viagem apostólica à Mongólia. Neste domingo, 10, ao reencontrar os peregrinos no Vaticano, Francisco refletiu sobre o trecho do Evangelho do dia (cf. Mt 18,15-20) que fala de “correção fraterna”, descrevendo-a como “uma das expressões mais elevadas do amor e também uma das mais exigentes, porque não é fácil corrigir os outros… Quando um irmão na fé comete uma falta contra você, você, sem rancor, o ajuda, o corrije”. Mas nem sempre é assim, recorda o Pontífice:
“Infelizmente, por outro lado, a primeira coisa que geralmente se cria em torno de quem erra é a fofoca, em que todos ficam sabendo do erro, com todos os detalhes, exceto a pessoa em questão! Isso não é correto, irmãos e irmãs, isso não agrada a Deus. Não me canso de repetir que a fofoca é uma praga na vida das pessoas e das comunidades porque leva à divisão, leva ao sofrimento, leva ao escândalo, e nunca ajuda a melhorar, nunca ajuda a crescer.”
O Pontífice, então, recorreu a São Bernardo de Claraval (1090-1153), “um grande mestre espiritual”, educador de gerações de santos que deixou documentos fundamentais e tinha a humanidade de Cristo como o centro de tudo. Ele “dizia que a curiosidade estéril e as palavras superficiais são os primeiros degraus da escada da soberba, que não leva para cima, mas para baixo, precipitando o homem para a perdição e a ruína (cf. Os Graus da Humildade e da Soberba)”.
Os passos à correção fraterna
O melhor comportamento é ensinado pelo próprio Jesus em três etapas, recorda Francisco. A primeira sugere que, para corrigir o irmão que cometeu o erro, se “converse com ele ‘cara a cara’, converse de forma justa, para ajudá-lo a ver onde está errando”. Uma atitude “para o bem dele”, “que não é aquela de falar mal, mas dizer as coisas na cara dele com mansidão e gentileza”.
Se isso não for suficiente, Jesus aconselha buscar ajuda junto a algumas pessoas que realmente tenham boa intenção. “Mas cuidado: não aquele grupo de tagarelas!”, alerta o Pontífice. Se mesmo assim não entender, “então, diz Jesus, envolva a comunidade”.
“Mas, também aqui, vamos esclarecer: não significa ridicularizar a pessoa, envergonhá-la publicamente, não, mas sim unir os esforços de todos para ajudá-la a mudar. Apontar o dedo contra as pessoas não é bom; na verdade, muitas vezes torna mais difícil para quem errou reconhecer o próprio erro. Em vez disso, a comunidade deve fazer com que ele ou ela sinta que, ao mesmo tempo em que condena o erro, está próxima com a oração e com o carinho à pessoa, sempre pronta a oferecer o perdão, a compreensão e a começar de novo.”
Se não ouvir nem mesmo a comunidade, Jesus diz que o irmão deve se tornar “como se fosse um pagão ou um pecador público” (v. 17). O Papa Francisco conclui a reflexão do Evangelho pedindo a intercessão de Maria “que continuou a amar mesmo quando ouvia as pessoas condenarem seu Filho”. E para buscar o caminho do bem, Francisco assim nos convida a analisar, perguntando-nos:
“Como eu me comporto com quem erra contra mim? Será que guardo isso pra mim e acumulo ressentimentos? ‘Você vai pagar por isso’: essa palavra, que vem com tanta frequência… ‘Você vai pagar por isso’. Será que faço disso um motivo para falar pelas costas? ‘Você sabe o que aquele ali fez?’ Blá blá blá… Aquele papo…. Ou sou corajoso, corajosa e tento conversar? Rezo por ele ou por ela, peço ajuda para fazer o bem? E as nossas comunidades cuidam daqueles que caem para que possam se levantar e começar uma nova vida? Apontam o dedo ou abrem os braços? O que você faz? Você aponta o dedo ou abre os braços? Pensa.”