“Diante da violência, da injustiça e da opressão, a Igreja não pode se fechar em si mesma”, afirmou Francisco no Angelus
Da redação, com Vatican News
Na oração mariana do Angelus deste domingo, 9, Francisco chamou atenção dos fiéis a respeito do papel da Igreja diante da violência que assola o mundo contemporâneo. “Jesus nos convida a não ter medo de viver no mundo, mesmo que nele por vezes existam condições de conflito e pecado. Diante da violência, da injustiça e da opressão, a Igreja não pode se fechar em si mesma ou esconder-se na segurança do próprio recinto; não pode abandonar sua missão de evangelização e de serviço”, disse o Papa
No Evangelho de hoje (cf. Mt 5, 13-16), Jesus diz aos seus discípulos: “Vós sois o sal da terra […]. Vós sois a luz do mundo” (vv. 13.14). Ele utiliza uma linguagem simbólica para indicar àqueles que pretendem segui-lo, alguns critérios para viver a presença e o testemunho no mundo.
Primeira imagem: sal. O sal é o elemento que dá sabor e que conserva e preserva os alimentos da corrupção. O discípulo, portanto, é chamado a ter afastados da sociedade os perigos, os germes corrosivos que poluem a vida das pessoas.
Trata-se de resistir à degradação moral, ao pecado, testemunhando os valores da honestidade e da fraternidade, sem ceder às tentações mundanas do carreirismo, do poder e da riqueza.
É “sal” o “discípulo” que, apesar dos fracassos cotidianos – porque todos nós os temos – levanta-se do pó dos próprios erros, recomeçando com coragem e paciência, a cada dia, a buscar o diálogo e o encontro com os outros. É “sal” o discípulo que não busca o consenso e o aplauso, mas se esforça para ser uma presença humilde, construtiva, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus, que veio ao mundo não para ser servido, mas para servir. E há tanta necessidade desse comportamento.
A segunda imagem que Jesus propõe aos seus discípulos é a da luz: “Vós sois a luz do mundo”. A luz dissipa a escuridão e permite ver. Jesus é a luz que dissipou as trevas, mas elas ainda permanecem no mundo e nas pessoas. É tarefa do cristão dissipá-las, fazendo resplandecer a luz de Cristo e anunciando seu Evangelho.
Trata-se de uma irradiação que também pode derivar de nossas palavras, mas deve, acima de tudo, brotar de nossas “boas obras” (v. 16).
Um discípulo e uma comunidade cristã são luz no mundo quando direcionam os outros para Deus, ajudando cada um a fazer a experiência da sua bondade e da sua misericórdia.
O discípulo de Jesus é luz quando sabe viver a própria fé fora de espaços restritos, quando contribui para eliminar os preconceitos, a eliminar as calúnias e a deixar entrar a luz da verdade nas situações deterioradas pela hipocrisia e pela mentira. Iluminar. Mas não é a minha luz, é a luz de Jesus. Nós somos instrumentos para que a luz de Jesus chegue a todos.
Jesus nos convida a não ter medo de viver no mundo, mesmo que nele por vezes existam condições de conflito e pecado.
Diante da violência, da injustiça, da opressão, o cristão não pode fechar-se em si mesmo ou esconder-se na segurança do próprio recinto. Também a Igreja não pode fechar-se em si mesma, não pode abandonar sua missão de evangelização e de serviço.
Jesus na última ceia, pediu ao Pai não para tirar os discípulos do mundo, de deixá-los, ali, no mundo, mas de protegê-los do espírito do mundo.
A Igreja se dedica com generosidade e ternura aos pequenos e aos pobres: este não é o espírito do mundo, esta é a sua luz, é o sal. A Igreja escuta o clamor dos últimos e dos excluídos, porque tem consciência de ser uma comunidade peregrina chamada a prolongar a presença salvífica de Jesus Cristo na história.
Que a Virgem Santa nos ajude a ser sal e luz em meio às pessoas, levando a todos, com a vida e a palavra, a Boa Nova do amor de Deus.