No Angelus, Papa Francisco explica o caminho para que o cristão não se torne mundano, mas seja renovado continuamente pelo Senhor
Da redação, com Rádio Vaticano
No Angelus deste domingo, 31, o Papa Francisco comentou o Evangelho de hoje (cf. Mt 16, 21-27) que relata o ponto crucial em que Jesus, depois de ter verificado que Pedro e os outros 11 tinham acreditado nEle como Messias e Filho de Deus, “começou a mostrar a seus discípulos que era necessário que Ele fosse a Jerusalém e sofresse muito…, fosse morto e ressuscitasse ao terceiro dia”.
Um momento crítico de aparente contraste entre a maneira de pensar de Jesus e seus discípulos, afirma o Papa. A passagem mostra ainda que Pedro se sente obrigado a repreender o Mestre, porque não pode ser atribuído ao Messias um fim tão vergonhoso. Por sua vez, Jesus repreende severamente Pedro, porque ele não pensa “segundo Deus, mas segundo os homens”.
Sobre esse aspecto, a segunda de leitura de hoje (cf. Rm 12, 1-2) insiste que “também o apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos de Roma, diz a eles: ‘Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus'”.
O Santo Padre disse que os cristãos vivem em um mundo totalmente integrado na realidade social e cultural, “e é certo assim. Mas isso traz o risco de nos transformarmos em ‘mundanos’, o risco de que ‘o sal perca o sabor'”.
Francisco explicou que se isso acontece, significa que o cristão não tem consistência e perdeu a “carga da novidade” que lhe vem do Senhor e o Espírito Santo. “Deveria ser o contrário: quando os cristãos permanecem vivos na força do Evangelho, ele pode transformar ‘os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida'”, enfatizou.
Para exemplificar essa realidade, o Papa usou a imagem do vinho e da água. “É triste encontrar cristãos sem consistência, que parecem vinho aguado e não se sabe se são cristãos ou mundanos, como o vinho aguado que não se sabe se é vinho ou água. É triste isso”.
Para evitar isso, o Papa ensina que é preciso renovar-se continuamente, atingindo a seiva do Evangelho. “Como se pode fazer isso na prática? Antes de mais nada, lendo e meditando o Evangelho todos os dias, para que a Palavra de Jesus esteja sempre presente na nossa vida; além disso, participando da Missa dominical, onde encontramos o Senhor na comunidade, escutando a sua Palavra e recebendo a Eucaristia que nos une a Ele e entre nós; e, ainda, são muito importantes para a renovação espiritual, os dias de retiro e de exercícios espirituais”.
“Evangelho, Eucaristia e oração”, reforçou o Santo Padre. “Graças a esses dons do Senhor, podemos nos conformar não ao mundo, mas a Cristo, e segui-lo sobre sua estrada, a estrada do ‘perder a própria vida’ para reencontrá-la”.
‘Perdê-la’ no sentido de doá-la, oferecê-la por amor e no amor, explicou Francisco. Isso quer dizer, “o sacrifício, a cruz – para recebê-la novamente purificada, livre do egoísmo e da dívida da morte, cheia de eternidade”.