Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira, 25, no Vaticano, os participantes da Conferência de “Solidariedade Trinitária Internacional”
Da redação, com Vatican News
Ainda hoje há muitas pessoas escravizadas. Foi o que disse o Papa Francisco em seu discurso ao receber na manhã desta segunda-feira, 25, no Vaticano, os participantes da Conferência de “Solidariedade Trinitária Internacional”, expressão da Ordem da Santíssima Trindade.
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Inicialmente, o Pontífice agradeceu as palavras de saudação do Superior Geral. Na sequência, o Santo Padre afirmou que ficou impressionado ao ver como eles puderam atualizar o carisma da Ordem. O Papa destacou que eles deram vida a esta organização que defende a liberdade religiosa não de forma teórica, mas cuidando de pessoas que são perseguidas e encarceradas por causa de sua fé.
Ao mesmo tempo, disse ainda Francisco, não faltam estudo e reflexão da parte deles. Eles também encontram expressão na esfera acadêmica através do curso de estudos sobre liberdade religiosa no Angelicum, de Roma, uma cadeira com o nome de seu fundador São João de Matha.
O Pontífice parabenizou os presentes por este compromisso que estão cumprindo, inspirados no carisma original.
Responder aos desafios do mundo
Voltando depois ao tempo de São Francisco de Assis, o Papa sublinhou: “o Espírito Santo suscitou naquele tempo – como sempre faz, em todas as épocas – testemunhas capazes de responder, segundo o Evangelho, aos desafios do momento”.
“João de Matha foi chamado por Cristo a dar sua vida pela libertação dos escravos, tanto cristãos como muçulmanos. Ele não queria fazer isto sozinho, individualmente, mas fundou uma nova Ordem para este fim, uma ordem ’em saída’, nova também em sua forma de vida, que deveria ser um apostolado ‘no mundo’. E o Papa Inocêncio III deu sua aprovação e seu total apoio.”
A Trindade e os escravos
“Ordem da Santíssima Trindade e dos cativos”, ou seja, escravos, prisioneiros. Também esta combinação, destacou Francisco, faz refletir: a Trindade e os escravos.
De acordo com o Papa, não se pode deixar de pensar na primeira “pregação” de Jesus na sinagoga de Nazaré, quando leu a passagem do profeta Isaías:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, por isso, Ele me ungiu e me enviou para trazer a boa nova aos pobres, para proclamar a libertação aos cativos… Para libertar os oprimidos” (Lc 4,18; cf. Is 61,1-2).
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O Santo Padre sublinhou que Jesus é o Enviado do Pai. Ele é movido pelo Espírito Santo. Nele, toda a Trindade opera:
“E a obra de Deus Amor, Pai, Filho e Espírito Santo, é a redenção do homem: por esta razão, Cristo derramou seu sangue na cruz. Em resgate por nós. Esta obra é prolongada na missão de toda a Igreja. Mas em sua Ordem encontrou uma expressão singular, peculiar, eu diria “literal” – um pouco como a pobreza em Francisco -, ou seja, o compromisso com o resgate dos escravos”.
Carisma
O Pontífice recordou que este carisma é, infelizmente, de uma atualidade flagrante. “Seja porque mesmo em nosso tempo, que se vangloria de ter abolido a escravidão, na realidade há muitos, demasiados homens e mulheres, até mesmo crianças reduzidas a viver em condições desumanas, escravizadas. Seja porque, como evidenciado durante a conferência, a liberdade religiosa é violada, às vezes pisoteada em muitos lugares e de várias maneiras, algumas rudes e óbvias, outras sutis e ocultas”.
Antigamente, disse o Papa, era costume dividir a humanidade entre bons e maus: “Este país é bom…”, “Mas fabrica bombas!”;”Não, é bom”; “E este é mau…”. “Não, hoje a maldade permeou a todos e em todos os países há bons e maus. A maldade, hoje, está em toda parte, em todos os Estados. Também no Vaticano, talvez!”
O Papa finalizou seu breve discurso agradecendo pelo trabalho da Ordem e os encorajou a prossegui-lo, também colaborando com outras instituições, eclesiais ou não, que compartilham de seu nobre propósito. Mas, por favor, disse, sem perder sua especificidade, sem “diluir” o carisma.