Conclusão do Novendiali

Cardeal Mamberti: com ímpeto, Francisco serviu o povo de Deus até o fim

Última Missa do Novendiali aconteceu neste domingo, 4; “Testemunhei seu sofrimento, coragem e determinação”, disse o protodiácono do Colégio Cardinalício sobre o Papa argentino

Julia Beck
Da redação

Cardeal Dominique Mamberti presidiu a última celebração do Novendiali /Foto: Reprodução Vatican Media

O amor e a missão do Papa Francisco estiveram no centro da homilia da última celebração do Novendiali, período de luto e oração pela alma do Papa Francisco. A Santa Missa aconteceu na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e foi presidida pelo protodiácono do Colégio Cardinalício, Cardeal Dominique Mamberti – é o purpurado quem fará o anúncio público do novo Papa após a escolha dos cardeais no Conclave que será iniciado na próxima quarta-feira, 7.

No Evangelho deste terceiro Domingo da Páscoa, São João narra o encontro de Jesus com alguns apóstolos no mar de Tiberíades, também conhecido como mar da Galiléia. Na conclusão do texto, é possível recordar a missão confiada a Pedro por Jesus e o chamado: “Segue-me”. Em sua homilia, o purpurado afirmou que o texto de São João lembra a primeira pesca milagrosa narrada por São Lucas, quando Jesus chamou Simão a ser “pescador de homens”.

“A partir daquele momento Pedro o seguia muitas vezes na incompreensão, até mesmo na traição, mas no encontro de hoje, o último antes do retorno de Cristo ao Pai, Pedro recebe dEle a missão de apascentar o seu rebanho. O amor é a palavra-chave deste Evangelho”, sublinhou.

Fraqueza humana e o amor de Deus

Última celebração do Novendiali /Foto: Reprodução Vatican Media

 Cardeal Mamberti recordou que o primeiro a reconhecer Jesus foi João, o “discípulo amado”: “Ele exclama: ‘É o Senhor’”. Depois disso, o purpurado retomou o ato de Pedro de se atirar ao mar para ir ao encontro de Jesus. “Após partilharem o alimento (que despertou nos apóstolos a lembrança da Última Ceia), começa o diálogo de Jesus e Pedro, a tríplice pergunta do Senhor e a tríplice resposta de Pedro”.

Nas duas primeiras perguntas a Pedro, Jesus usa o verbo “amar”, enquanto Pedro, recordando sua traição, responde com a expressão “querer bem”. Na terceira vez, o protodiácono do Colégio Cardinalício enfatizou que Jesus utiliza em sua pergunta a mesma expressão de Pedro, “querer bem”, “adequando-se à fraqueza do apóstolo”.

Bento XVI, ao comentar este diálogo, observou o Cardeal Mamberti, afirmou que Pedro compreendia que para Jesus, bastava o seu “pobre” amor, o único que ele era capaz de dar. “A partir daquele dia, Pedro seguiu Jesus consciente da sua fragilidade, uma consciência que não o desencorajou. Ele sabia que podia contar com Jesus Ressuscitado e mostrar a nós o caminho”, frisou.

São João Paulo II, em seu 25º aniversário de pontificado, confidenciou que todos os dias, no seu coração, acontecia aquele mesmo diálogo entre Jesus e Pedro. O purpurado lembrou o que o Papa polonês disse: “No Espírito fixo o olhar benévolo de Cristo Ressuscitado. Ele, mesmo consciente de minha humana fragilidade, me encoraja a responder com confiança como Pedro: ‘Senhor tu sabes tudo, sabes que te amo’. E depois me convida a assumir a responsabilidade que Ele mesmo me confiou. Essa responsabilidade é o amor que se faz serviço”. Pedro e os apóstolos assumiram isso com a força do Espírito Santo que receberam em Pentecostes.

Francisco: serviu o povo de Deus até o fim

Última celebração do Novendiali /Foto: Reprodução Vatican Media

O protodiácono do Colégio Cardinalício reforçou que todos admiram o quanto o Papa Francisco, animado pelo amor do Senhor e elevado por Sua graça, foi fiel à missão de conduzir a Igreja e consumiu suas forças em prol disso.

“Francisco advertiu os poderosos de que é preciso obedecer a Deus mais do que aos homens. Proclamou a alegria do Evangelho, o Pai Misericordioso, o Cristo Salvador. Fez isso em seu ministério, durante suas viagens, com seu estilo de vida”, sublinhou.

Cardeal Mamberti contou que estava perto de Francisco quando o mesmo fez sua última aparição pública, no Domingo de Páscoa (20 de abril). “Testemunhei seu sofrimento, coragem e determinação em servir o povo de Deus até o fim”.

Adorar a Deus e pedir a intercessão de Maria

A Adoração, dimensão essencial na vida da Igreja e dos fiéis, também era muito incentivada pelo Papa argentino. O purpurado retomou a reflexão de Francisco na Festa da Epifania do ano passado:

“Quando chegaram em Belém, os magos viram o Menino, se prostraram e o adoraram. Um Rei que veio servir-nos, um Deus que se fez homem. Diante deste mistério, dobrar os joelhos e adorar o Deus que vem na pequenez que habita a normalidade de nossas casas. Perdemos o costume de adorar, redescubramos o gosto pela oração de adoração”.

A intensa vida pastoral do Santo Padre, seus momentos de oração e proximidade com Nossa Senhora foram citados pelo cardeal. O presidente da celebração citou então as 126 vezes em que Francisco visitou o ícone da “Salus Populi Romani”, presente na Basílica de Santa Maria Maior, no Vaticano, e o fato de agora “repousar” próximo a ela. “Confiemos o Papa Francisco à intercessão de Nossa Senhora”, concluiu.

Cardeal Dominique Mamberti durante última celebração do Novendiali /Foto: Reprodução Vatican Media

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