CONDIÇÃO PULMONAR

Acompanhe como foi a luta do Papa Francisco pela vida

O Papa Francisco enfrentava, com coragem e fé, uma longa batalha pela vida. No início de 2025, uma pneumonia agravou sua já delicada condição pulmonar, devido aos problemas respiratórios enfrentados desde a juventude. Foram dias marcados por apreensão e intensa corrente de oração entre fiéis de todo o mundo.

Imagens: Arquivo, Vatican News, CTV e Reuters
Reportagem de Catarina Jatobá
Edição de Daniel Gonçalves

O Pontífice, aparentemente incansável, não tinha uma saúde de ferro. Com pouco mais de 20 anos, na Argentina, o jovem Mário Bergoglio teve uma infecção respiratória grave, que obrigou os médicos a removerem parte do pulmão direito.

Já durante o pontificado, uma osteoartrite no joelho lhe causava dificuldades para caminhar. O problema chegou provocar o adiamento da viagem apostólica do Papa ao Congo e Sudão do Sul, de Julho de 2022 para janeiro de 2023. Na época foi preciso usar cadeira de rodas. Na ocasião, o Papa resistiu em fazer cirurgia do joelho, por causa dos efeitos da anestesia geral.

2023 também foi um ano de tensões na área da saúde do Papa. Em março, uma bronquite o levou a ficar dias internado, após sentir uma forte dor no peito e dificuldade para respirar. Três meses depois, em 7 de junho Francisco foi submetido a uma cirurgia abdominal, após desenvolver uma hérnia. O problema surgiu depois de uma cirurgia de retirada de parte do intestino grosso em 2021. Em uma das catequeses ainda sinalizava os efeitos da anestesia geral. A falta de ar.

Mesmo enfermo foi um guerreiro, como diz o livro bíblico de Joel. Apesar de todas as fragilidades na saúde, no mesmo ano marcou presença na Jornada Mundial da Juventude. E deixou uma mensagem de coragem aos milhões de jovens reunidos em Lisboa. “A vós, jovens, que sois o presente e o futuro. Sim, precisamente, a vós , jovens, é que Jesus diz hoje: ‘Não tenhais medo, não tenhais medo’. Num breve momento de silêncio, cada um repita para si mesmo, no próprio coração, estas palavras, ‘Não tenhais medo'”, concluiu o Santo Padre.

Em meio às lutas pessoais de sua saúde, a coragem de Francisco fez dele um “peregrino de esperança”, e foi este tema que ele dedicou ao Ano jubilar, proclamado a cada 25 anos na Igreja. Mas pouco tempo depois de abrir a Porta Santa em Roma, mais uma bronquite atravessou seu percurso. No encerramento de um dos eventos do jubileu em Roma, ele bem que tentou, mas só conseguiu iniciar a leitura da homilia, e precisou pedir ajuda.

Cinco dias depois deste episódio, Francisco foi internado, e o quadro que iniciou com uma bronquite evoluiu para uma infecção poli microbiana, causada por dois ou mais microrganismos ao mesmo tempo, podendo envolver bactérias, vírus e fungos. E logo depois, foi diagnosticado com uma pneumonia nos dois pulmões. Durante a internação, as terapias precisaram contornar uma crise de asma prolongada, anemia e insuficiência renal leve.

Enquanto isso, na praça São Pedro, cardeais, bispos, e fieis de todas as partes do mundo se uniram em oração, clamando pela recuperação do sucessor de Pedro.

O Papa que tanto ensinou sobre a nobreza da gratidão, não se conteve em expressar seu profundo agradecimento mesmo com voz fraca. “Agradeço, de todo o coração, as orações, pela minha saúde feita na praça, os acompanho daqui. Que Deus os abençoe e que a Virgem os proteja. Obrigado”.

E em meio às incertezas sobre sua saúde, os boletins divulgados pelo Vaticano mostravam que o Papa seguiu cada dia de sua vida sereno, bem-humorado, incansável na disposição de servir a Deus e liderar seu povo. Mesmo em estado crítico, não parou de trabalhar, recebeu o secretario de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin e o substituo para assuntos gerais, aprovou novos decretos de canonização, e convocou reunião para reunir datas de canonização.

Após 37 dias de internação, o Papa Francisco recebeu alta, e antes de deixar o hospital, fez uma breve aparição aos fiéis. “Obrigado à todos”.

Os médicos que cuidaram do Papa afirmaram que Francisco esteve em perigo de morte em dois momentos muito críticos da internação e chegaram a considerar a interrupção do tratamento.

Após deixar o hospital, ainda com aparência muito fragilizada, Francisco continuou o tratamento de fisioterapia respiratória e exercícios para recuperar a voz. Recebeu algumas autoridades e fez questão de se encontrar com a equipe médica do hospital Gemeli para agradecer por todo o cuidado recebido.

Cerca de 70 pessoas deram assistência a Francisco durante os dias de sua hospitalização.

Foram dias de despedida. No domingo de Páscoa, Francisco apareceu de surpresa na Praça de São Pedro para saudar os fieis. “Caros irmãos e irmãs, feliz páscoa”, saudou o Papa.

Após aparecer na varanda, Francisco andou no papamóvel pela multidão na praça de São Pedro.  Era o pastor, fragilizado e enfraquecido, que se despedia do seu rebanho. E na segunda-feira após o domingo de Páscoa, Francisco fez a sua páscoa, às 7h35, horário de Roma, e 2h35 horário de Brasília.

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