Perseverança na oração foi o tema da penúltima catequese do ciclo dedicado ao tema; é preciso rezar sem cessar, lembra o Papa
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
A oração é o respiro da vida, destacou o Papa Francisco na catequese desta quarta-feira, 9. A perseverança na oração foi o tema da penúltima catequese do ciclo dedicado a este tema. O encontro foi no Pátio São Dâmaso, no Palácio Apostólico.
O Papa citou o itinerário espiritual do Peregrino russo, que começa quando se depara com uma frase de São Paulo na Primeira Carta aos Tessalonicenses: “Rezem sem cessar, deem graças em todas as circunstâncias”.
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Segundo o Papa, a palavra do Apóstolo atinge aquele homem, que começa a se perguntar como é possível rezar sem interrupção, com a vida onde nem sempre é possível a concentração. E desse questionamento começa a sua busca, que o levará a descobrir a chamada oração do coração.
“Essa consiste em repetir com fé: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim pecador!’. Uma simples oração, mas muito bela. Uma oração que, pouco a pouco, se adapta ao ritmo da respiração e se estende ao longo do dia. Com efeito, a respiração nunca para, nem sequer quando dormimos. A oração é o respiro da vida”.
Manter o estado de oração
O Catecismo da Igreja Católica traz belas citações sobre como manter sempre um estado de oração, disse o Papa. São indicações tiradas da história da espiritualidade, que insistem na necessidade de uma oração contínua.
Francisco citou o monge Evagrio Pontico, que falava da oração como uma “lei incessante”: “Não nos foi mandado que trabalhemos, velemos e jejuemos constantemente, enquanto a oração sem cessar é uma lei para nós”.
Também mencionou São João Crisóstomo, que falava da possibilidade da oração em várias ocasiões. Dizia o santo: “Mesmo no mercado ou durante um passeio solitário, é possível fazer uma frequente e fervorosa oração. É possível mesmo na loja, seja enquanto compras seja enquanto vendes, ou mesmo enquanto cozinhas”.
“Portanto, a oração é uma espécie de pauta musical, onde colocamos a melodia da nossa vida. Não está em contraste com o trabalho cotidiano, não entra em contradição com as tantas obrigações e compromissos, mas é o lugar onde cada ação encontra o seu sentido, o seu porquê e a sua paz”, explicou o Pontífice.
Complementaridade entre trabalho e oração
O Papa reconheceu que colocar isso em prática não é fácil, às vezes se tem a impressão de nunca concluir tudo. Mas nessas horas, ajuda pensar que Deus precisa cuidar de todo o universo e sempre se lembra de cada um de nós. “Portanto, também nós devemos sempre nos lembrar dele!”.
O Santo Padre não deixou de mencionar a importância do trabalho, também como uma espécie de equilíbrio interior. Quando Jesus disse a Santa Marta, no Evangelho de Lucas, que a real necessidade era ouvir Deus, não quis desprezar os muitos serviços que ela estava fazendo com tanto empenho.
“No ser humano, tudo é binário: o nosso corpo é simétrico, temos dois braços, dois olhos, duas mãos….Assim também o trabalho e a oração são complementares. A oração – que é o “respiro” de tudo – permanece como o pano de fundo vital do trabalho, também nos momentos em que não está explícita. É desumano estar tão absorvidos pelo trabalho a ponto de não encontrar tempo para a oração”.
Francisco frisou que não é saudável uma oração alienada da vida. A oração que afasta da realidade se torna espiritualismo ou pior, ritualismo, observou. Assim, o tempo dedicado a estar com Deus reaviva a fé, que ajuda na concretude da vida. E a fé, por sua vez, alimenta a oração, sem interrupção.
“Nesta circularidade entre fé, vida e oração, mantém-se aceso aquele fogo do amor cristão que Deus espera de cada um de nós.”