“Não podemos viver com uma economia com raízes liberais e do iluminismo. Nem com uma economia com raízes que vem do comunismo”, disse Francisco
Da redação, com Vatican News
Nesta quarta-feira, 25, Papa Francisco encontrou com uma delegação do Fundo Global de Solidariedade. O Pontífice iniciou seu discurso com palavras de gratidão: “Eu gosto quando as pessoas estão nas fronteiras, nas periferias. Simplesmente porque Jesus andou pelas periferias: Ele esteve ali para mostrar o Evangelho”.
O Santo Padre afirmou que tem muitas pessoas que estão bem exteriormente, mas a sua alma está destruída, despedaçada, e se faz necessário ir também até eles. “Muitas pessoas têm necessidade da proximidade”, complementou. “A proximidade é o estilo de Deus. Ele mesmo disse: ‘Pois qual é a grande nação que tem deuses tão próximos como o Senhor nosso Deus?’” (Dt 4, 7).
“Por isso, aquelas expressões religiosas – quer sejam de congregações religiosas, quer sejam de cristãos que se atacam para conservar a fé – são uma reedição do farisaísmo mais antigo. Porque eles querem ter a alma limpa, mas com este comportamento talvez terão a alma purificada, porém com o coração sujo pelo egoísmo. Ao contrário, ir às periferias, ir ao encontro das pessoas que não são levadas em conta, os descartados pela sociedade – porque estamos vivendo a cultura do descarte, e se descartam as pessoas – ir ali é fazer aquilo que Jesus fez.”
Migrantes
Ao tratar do tema dos migrantes, o Papa recordou que o Fundo Global de Solidariedade elaborou quatro passos: acolher, acompanhar, promover e integrar.
“Com os migrantes, se deve fazer este caminho de integração na sociedade. Não é uma obra de beneficência, com os migrantes, deixando-os à própria sorte. Não. É apoiá-los e integrá-los, com a educação, a inserção no mundo do trabalho, com todas estas coisas”.
Segundo Francisco, um migrante não integrado está na metade do caminho e isso é perigoso. “É perigoso para ele, pobrezinho, porque será sempre um mendicante. É também perigoso para todos. É preciso integrá-los, pois eles não devem ser considerados como uma pedrinha no sapato, que incomoda.”
O Santo Padre recordou que de certa forma todos são filhos ou netos de migrantes e que não se deve perder essa memória. De acordo com o Pontífice, para que a Europa possa se desenvolver, ela tem necessidade dos migrantes, sobretudo por causa do inverno demográfico. As palavras chaves neste processo são a acolhida, a integração e a fraternidade.
A economia precisa de conversão
Ao tratar do tema economia, o Papa disse: “a economia precisa de conversão, deve se converter agora. Devemos passar da economia liberal à economia compartilhada pelas pessoas, a uma economia comunitária.”
Francisco reforçou que não se pode viver com uma economia com raízes liberais e do iluminismo, nem com uma economia com raízes que vem do comunismo. É necessária uma economia cristã, frisou.
Ao concluir suas palavras, o Santo Padre os incentivou: “sigam em frente, sujem as mãos. Arrisquem-se. E olhem para tantas periferias: sudeste asiático, parte da África, parte da América Latina. Tantas periferias, tantas, que machucam o coração. Obrigado pelo trabalho de vocês. Rezem a meu favor, não contra. Obrigado”.