Silvonei José e Prof.Felipe Aquino comentam a disponibilidade do Papa Francisco em dialogar: com a imprensa, com outras religiões, com as novas gerações
Kelen Galvan
Da Redação
A abertura ao diálogo é uma marca constante desde o início do Pontificado do Papa Francisco. Com seu jeito simples e linguagem espontânea, o primeiro Papa latino-americano procurou promover uma proximidade com as mais diversas realidades, políticas, religiosas e até mesmo com a imprensa.
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“Diálogo é a palavra que hoje estamos necessitados nesta nossa sociedade (…) O Papa Francisco sempre nos recorda a pedagogia do encontro, do diálogo, você precisa olhar no rosto para construir uma humanidade de paz”, afirma o jornalista Silvonei José Protz, da Rádio Vaticano/Vatican News.
Diálogo com a imprensa
Logo nos primeiros meses de Pontificado, Francisco veio ao Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2013) no Rio de Janeiro. Aqui, concedeu a um veículo brasileiro de imprensa sua primeira entrevista como Papa. Muitas outras entrevistas foram cedidas no decorrer destes dez anos, inclusive uma ao vivo a um jornal italiano, sinal da confiança do Papa naquilo que ele espera de “verdadeiros comunicadores”. Como pediu o Papa no encontro com o Dicastério da Comunicação.
Silvonei José, conhecido como a voz do Papa no Brasil, explica que, desde o dia em que foi eleito, o Papa Francisco tem trabalhado constantemente em favor da paz, da reconciliação entre os povos e em levar a esperança do Evangelho às periferias do mundo.
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Para o Professor Felipe Aquino, além de facilitar essa busca pela paz no mundo, essa abertura do Papa ao diálogo, favorece para que os homens de boa vontade tenham bons valores para o mundo.
“A gente percebe que o Papa acolhe todo mundo, independente se a pessoa está vivendo os valores cristãos ou não, ou mesmo dentro da Igreja, pessoas que não estejam bem alinhadas com o magistério da Igreja, o Papa procura conversar. Não quer dizer que ele aprove todas as coisas”, explica.
Diálogo ecumênico e inter-religioso
O diálogo no pontificado do Papa Francisco também se manifesta na continuidade que ele dá ao caminho ecumênico (com cristãos) e inter-religioso (com outras religiões), iniciado no Concílio Vaticano II e promovido por Pontífices anteriores.
Um dos momentos mais marcantes desse caminho de unidade neste pontificado foi o histórico encontro com o patriarca ortodoxo de Moscou, Kirill, ocorrido em Cuba, no dia 12 de fevereiro de 2016. Este foi o primeiro encontro de um Papa com o representante deste patriarcado depois do cisma de 1054.
A proximidade entre as igrejas cristãs também foi sinalizada nos vários encontros com o Patriarca Ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I. Um fato marcante, inclusive, foi a presença deste patriarca na missa de inauguração do Pontificado de Francisco, em 19 de março de 2013. Foi a primeira vez, em quase mil anos, que um patriarca ortodoxo participou de uma entronização papal. Ao longo destes dez anos, os dois líderes religiosos encontraram-se várias vezes.
Já no âmbito do diálogo inter-religioso, podemos lembrar o encontro com o grã-Mufti de Jerusalém e com dois grãos-rabinos, durante a visita do Papa à Terra Santa em 2014. Mais recentemente, o documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum, assinado em fevereiro de 2019, pelo Papa e pelo Grão Imame de Al-Azhar, durante a viagem aos Emirados Árabes.
Professor Felipe Aquino afirma que estas iniciativas do Santo Padre são muito importantes, porque ele tem buscado a paz, independente da religião. “O Papa tem trabalhado muito em favor da paz. Neste mundo de conflitos, que estamos vivendo em muitas partes do mundo. Independente da fé de cada um, a paz é um valor universal que deve ser buscado”, ressaltou.
Diálogo entre as gerações
Essa abertura ao diálogo é algo que precisa ser vivenciado também dentro do âmbito familiar. E este aspecto foi destacado muitas vezes pelo Papa Francisco nestes anos de papado. Seja o diálogo entre os cônjuges, entre pais e filhos, e entre jovens e idosos.
O Santo Padre refletiu sobre a riqueza do diálogo entre as gerações como uma forma de fortalecer a família. Ano passado, por exemplo, realizou um ciclo de catequeses sobre a velhice. Por várias semanas, destacou aspectos que mostram a importância de promover a conversa entre as diferentes faixas etárias.
“O diálogo entre jovens, crianças e avós é fundamental. É fundamental para a sociedade, é fundamental para a Igreja, é fundamental para a saúde da vida. Onde não há diálogo entre jovens e idosos, falta alguma coisa e cresce uma geração sem passado, ou seja, sem raízes”, afirmou Francisco em uma das Catequeses.
Professor Felipe destaca que essa motivação do Papa é muito positiva, principalmente quanto à valorização do idoso. “Também por ser idoso, o Papa sente a importância da sabedoria do idoso, aquilo que foi acumulado durante a vida, e muitas coisas que não se aprende em livros. Isto ajuda muito para haver paz nas famílias”, explica.
Por fim, Silvonei comenta que o Papa Francisco traz para os fiéis o diálogo, a pedagogia do encontro. “Quanto é importante encontrar o outro. Ele [Francisco] toca o coração das pessoas, fazendo com que as pessoas parem, reflitam e, quem sabe, mudem de vida”.