Papa reza o Regina Coeli na primeira sede da Igreja

Após a visita aos dois rabinos de Jerusalém, o Papa Bento XVI, se dirigiu ao Cenáculo. A estrutura, de dois andares, se insere em um grande conjunto de construções no alto do Monte Sion. É a primeira sede da Igreja nascente, o local da instituição do sacerdócio ordenado e dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação. A palavra latina ‘Coenaculum’ indica o local da ceia, mas antigamente, significava simplesmente ‘o andar superior, a parte comum de uma casa’.

Neste sugestivo ambiente, o Papa rezou a oração do Regina Coeli junto aos frades da Custódia da Terra Santa, instituição fundada em 1217, e encarregada da manutenção e guarda dos locais sagrados da Terra Santa. O atual custódio é Frei Pierbattista Pizzaballa, que reside no convento do Santíssimo Salvador, e, assistido por conselheiros de vários grupos lingüísticos, tem jurisdição sobre todos os conventos franciscanos da região, assim como um bispo.

Após a execução do hino “Veni creator” e a saudação do custódio, o Papa fez um breve discurso, neste local “onde Deus abriu seu coração aos discípulos por Ele escolhidos e celebrou o Mistério Pascal; e onde, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo inspirou os primeiros discípulos a pregar a Boa Nova”.

“Vocês são como velas acesas que iluminam os lugares santos do cristianismo que foram honrados pela presença de Jesus, nosso Deus que vive”, disse o Papa.

Bento XVI recordou que Deus nos amou antes de tudo e continua ainda hoje a nos amar, com amor divino, que recebemos da Eucaristia. Este amor, que é graça e verdade, nos solicita como homens e como comunidade, a superar tentações como o egoísmo, a indolência, o isolamento, o preconceito e o medo, e a doar-nos generosamente ao Senhor e ao próximo.

A este ponto do discurso, o Papa abordou o tema da comunhão entre as Igrejas. A sua diversidade na Terra Santa representa um patrimônio espiritual e é sinal das múltiplas formas de interação entre o Evangelho e as várias culturas:

“Um novo impulso espiritual rumo à comunhão na diversidade na Igreja católica e uma nova consciência ecumênica marcaram o nosso tempo, especialmente depois do Concílio Vaticano II. O Espírito conduz nossos corações à humildade e à paz, em direção da aceitação recíproca, da compreensão e da cooperação”.

Reiterando a importância da presença cristã na Terra Santa e nas regiões vizinhas, o Pontífice disse que as palavras de Jesus sobre o amor, a misericórdia, a compaixão, a paz e o perdão, são capazes de transformar os corações e plasmar as ações. Apesar das dificuldades e restrições, os cristãos do Oriente Médio estão contribuindo para a promoção e a consolidação do clima de paz, na diversidade.

Assim, o Papa reafirmou sua solidariedade a quem vive cotidianamente em um clima de insegurança, sofrimento e medo. Aos bispos, garantiu seu amparo e encorajamento a fim de que os cristãos permaneçam nesta Terra e sejam mensageiros e promotores de paz. Bento XVI aprecia seus esforços e reconhece que a instrução, a preparação profissional e outras iniciativas sociais e econômicas podem melhorar a situação das comunidades cristãs. Neste contexto, também elogiou o serviço acolhedor e generoso oferecido pelos Frades da Custódia aos peregrinos, “que aqui se inspiram e se renovam na fé”.

Concluído o discurso, o Papa rezou a oração a Maria, Rainha dos Céus, confiando-lhe o bem-estar e a renovação espiritual de todos os cristãos na Terra Santa, para que na fé, na esperança e na caridade, cresçam na fé e perseverem em sua missão de promotores de comunhão e de paz. Após a prece, Bento XVI concedeu a benção.

Breve visita à co-Catedral dos Latinos

Em seguida, o Pontífice se dirigiu à Catedral latina de Jerusalém, onde cerca de 300 pessoas o aguardavam. Ali, houve um breve momento de veneração do Santíssimo e o Patriarca Fouad Twal proferiu seu discurso de saudação.

Bento XVI lhe agradeceu e se disse muito feliz por estar nesta catedral, onde desde os primeiros dias da Igreja, a comunidade cristã se reúne. “De Jerusalém – disse – o Evangelho se difundiu por toda a terra, até os confins do mundo. Em todos os tempos, os esforços dos missionários foram sustentados pelas orações dos fiéis, reunidos ao redor do altar do Senhor para invocar a força do Espírito Santo sobre a obra de pregação”.

Um grupo de religiosas contemplativas estava presente na catedral, e sua vocação “de ser o amor profundo no coração da Igreja” foi valorizada pelo papa, que proferiu palavras de apreço e agradecimento por sua generosa dedicação e abnegação, pedindo que “rezem pela paz de Jerusalém, que rezem continuamente pelo fim do conflito que já provocou tantos sofrimentos aos povos desta região”.

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