O Papa Bento XVI deu início, na manhã desta segunda-feira, 11, à segunda parte de sua viagem apostólica ao Oriente Médio, transferindo-se de Amã, na Jordânia, para Tel Aviv, em Israel.
O avião papal tocou o solo israelense por volta das 11 da manhã, hora local (6h da manhã em Brasília (DF)). A cerimônia de boas-vindas ocorreu no aeroporto Bem Gurion. O Santo Padre foi acolhido pelo presidente da República, Shimon Peres e pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Estavam presentes também autoridades políticas e civis e os Ordinários da Terra Santa. Após a execução dos hinos oficiais do Vaticano e de Israel, o presidente israelense fez um discurso de boas-vindas ao Papa.
Em seguida, o Sumo Pontífice dirigiu, pela primeira vez, a sua palavra ao povo israelense e saudou, antes de tudo, as autoridades presentes, agradecendo a calorosa acolhida “nesta terra que é considerada santa por milhões de fiéis em todo o mundo”, disse o Papa.
Após agradecer as palavras do presidente Shimon Peres e a oportunidade de realizar uma peregrinação em uma terra que se tornou santa pelas pegadas de patriarcas e profetas, e onde os cristãos têm uma particular veneração pelos lugares dos eventos da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, Bento XVI afirmou:
“Tomo o meu lugar em uma longa fila de peregrinos cristãos que vieram a esses lugares. Uma fila que remonta ao tempo dos primeiros séculos da história cristã e que, estou certo, continuará a prolongar-se no futuro. Como tantos antes de mim, venho para rezar nos lugares santos de modo especial pela paz para a Terra Santa e para todo o mundo”.
O Papa afirmou, em seguida, que a Santa Sé e o Estado de Israel compartilham muitos valores. O primeiro entre todos, o compromisso de reservar à religião o seu legítimo lugar na vida da sociedade. “A justa ordem das relações sociais pressupõe e exige o respeito pela liberdade e a dignidade de cada ser humano”, afirmou o Pontífice. “Quando a dimensão religiosa da pessoa humana – continuou – é negada ou deixada de lado, é colocado em perigo o fundamento mesmo de uma correta compreensão dos direitos humanos inalienáveis”.
“Tragicamente, o povo judaico experimentou as terríveis consequências de ideologias que negam a fundamental dignidade de cada pessoa humana. É justo e conveniente que, durante a minha presença em Israel, eu tenha a oportunidade de honrar a memória dos seis milhões de judeus vítimas da Shoah e de rezar a fim de que a humanidade nunca mais tenha que ser testemunha de um crime de semelhante grandeza”, declarou Bento XVI.
Sua Santidade destacou em seguida que, infelizmente, o antissemitismo continua a levantar a sua repugnante cabeça em muitas partes do mundo e isso é inaceitável. Todo esforço deve ser feito para combater o antissemitismo em qualquer lugar onde ele se encontre e para promover o respeito e a estima por todos os povos, raças, línguas e nações em todo o mundo.
Em seguida, o Santo Padre destacou que durante a sua permanência em Jerusalém ele terá a oportunidade de se encontrar com vários líderes religiosos do país e acrescentou que as três grandes religiões monoteístas têm em comum uma especial veneração por essa Cidade Santa. “É minha esperança que todos os peregrinos aos lugares santos tenham a possibilidade, livremente e sem restrições, de participar nas cerimônias religiosas e de promover a digna manutenção dos edifícios de culto que se encontram nos espaços sagrados”, disse o Papa.
Falando sobre Jerusalém, Bento XVI disse que, ainda que o nome signifique “Cidade da paz”, é evidente que, por décadas, a paz tragicamente eludiu os habitantes desta terra santa. Os olhos do mundo estão sobre os povos desta região enquanto eles lutam para conseguir uma solução justa e duradoura aos conflitos que causaram tantos sofrimentos.
“As esperanças de inumeráveis homens, mulheres e crianças de um futuro mais seguro e mais estável dependem do êxito das negociações de paz entre israelenses e palestinos. Em união com todos os homens de boa vontade, suplico a todos aqueles que têm responsabilidade, a explorar todo caminho possível para a busca de uma solução justa às enormes dificuldades, para que ambos os povos possam viver em paz em uma pátria que seja deles, dentro de fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas”, falou o Santo Padre.
Com tal finalidade, destacou ainda o Papa, espero e rezo para que se possa, em breve tempo, criar um clima de maior confiança que permita às partes realizar progressos reais ao longo da estrada rumo à paz e à estabilidade.
O Sucessor de Pedro saudou ainda bispos e fiéis católicos presentes, estendendo seu olhar às comunidades cristãs da Terra Santa. “Através do seu fiel testemunho Àquele que pregou o perdão e a reconciliação e por meio do seu compromisso em defender a sacralidade de cada vida humana, vocês podem dar uma particular contribuição a fim de que terminem as hostilidades que, por tanto tempo, afligem esta terra. Peço que a sua contínua presença em Israel e nos territórios palestinos produza muito fruto na promoção da paz e do respeito recíproco entre os povos que vivem nas terras da Bíblia”, destacou o Pontífice.
Na conclusão de seu discurso, o Santo Padre, dirigindo-se ao presidente israelense e aos presentes, agradeceu mais uma vez a acolhida e pediu a Deus que dê força e abençoe o seu povo com a paz.
Após a cerimônia de boas-vindas, o Papa Bento XVI se transferiu de helicóptero para Jerusalém, que se encontra a cerca de 60 Km de Tel Aviv. O almoço vai ser realizado na sede da Delegação Apostólica de Jerusalém. Na parte da tarde, Bento XVI faz uma visita de cortesia ao presidente do Estado de Israel, Shimon Peres, no Palácio presidencial. Em seguida, visita o Memorial de “Yad Vashem” de Jersualém, o monumento à memória do Holocausto e que contém algumas urnas com as cinzas de vítimas dos campos de concentração. No final do dia, o Santo Padre se transfere para o Instituto “Notre Dame of Jerusalem Centre”, onde haverá um encontro com Organizações para ao Diálogo Inter-religioso. Participam do encontro cerca de 500 pessoas.
Amanhã de manhã, está prevista a visita à Esplanada das Mesquitas e ao Muro Ocidental, conhecido como o Muro das Lamentações, e a oração do “Regina Coeli” no Cenáculo.
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