Dom João Justino comenta Ano da Oração, que será concluído em dezembro; “toda a comunidade eclesial é chamada a ser uma escola de oração”, frisa
Julia Beck
Da redação
Desde 21 de janeiro — quando foi celebrado o Quinto Domingo da Palavra de Deus —, a Igreja vive o Ano da Oração. Este tempo de preparação para o Jubileu 2025 foi um pedido do Papa Francisco, em carta datada de fevereiro de 2022, ao pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização (e organizador deste tempo jubilar), Dom Rino Fisichella. No texto, o Santo Padre sugeriu que o Ano da Oração ajudaria a “recuperar o desejo de estar na presença de Deus”.
Neste mês de setembro, aproximadamente oito meses de vivência deste período de oração, o primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Goiânia (GO), Dom João Justino de Medeiros Silva, reflete sobre a existência de muitas ações, principalmente pela TV e redes sociais, que valorizam este tempo preparatório.
“Temos notícias de muitas iniciativas bonitas que estão acontecendo nas dioceses. Certamente, tudo que for feito nessa direção vai nos ajudar a viver bem o próximo Ano Santo de 2025, predispondo as pessoas a compreenderem a importância de celebrar um Jubileu e de fazer do próprio Jubileu, que é o momento de festa, também o momento de fortalecimento de nossa vida orante”, disse.
A oração e a Igreja
A oração é um passo fundamental diante da vivência de grandes tempos da Igreja, acredita Dom Justino. O primeiro vice-presidente da CNBB frisa a importância de ela ser somada à formação nas comunidades eclesiais.
“Lembremo-nos dos próprios discípulos de Jesus que pediram: ‘Senhor, ensina-nos a orar’. Como homens e mulheres de fé, nós podemos aprender a orar. Existe um ensino da Palavra de Deus, da Igreja, sobre a oração”, informa.
O estímulo do Papa Francisco para que as dioceses e seus pastores incentivem experiências de ensino da oração é, de acordo com o bispo, ancorada nas Sagradas Escrituras e nas muitas formas de rezar segundo a história da Igreja.
Como rezar?
Partindo de duas afirmações do Santo Padre, de que a oração é a “respiração da fé” e de que este ano se pode fazer a experiência de uma “escola de oração”, Dom Justino afirma que há muitas fórmulas de oração. Um exemplo é a “tão importante oração do Senhor”, que é o Pai-Nosso. “Oração ensinada por Jesus e que tem nos Evangelhos a sua fonte”, destaca.
O bispo cita também a oração com os salmos, que na Bíblia são 150; e a realizada a partir de cânticos — que estão espalhados ao longo do Antigo e do Novo Testamento. “Podemos orar, por exemplo, com o Cântico de Maria, o Magnificat, ou com o Cântico de Zacarias, Benedictus”, acrescenta.
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A própria oração da Ave Maria, sublinha o primeiro vice-presidente da CNBB, tem uma composição que se fundamenta na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja. O Angelus, que retoma expressões do Evangelho de São Lucas, foi outra indicação de Dom Justino.
“Existem muitas fórmulas escritas para a oração. O importante é a disposição de encontrar as palavras que brotam do coração ou palavras que estão nos textos sagrados para nos dirigir ao Senhor em atitude de quem n’Ele deposita toda confiança e sabe que ele é o Senhor”, opina.
Jesus ensinou a rezar a oração do Pai-Nosso, mas sobretudo deu o exemplo de Ele mesmo orar em diversas situações de sua vida e de seu ministério, recorda o bispo. “O Papa Francisco fala desse tempo como uma escola de oração. Na verdade, toda a comunidade eclesial é chamada a ser uma escola de oração em todos os tempos”.
Oração como resposta
A CNBB traduziu documentos de preparação para o Jubileu, de autoria do Dicastério para a Evangelização do Vaticano. Em um deles, o Papa escreveu sobre a necessidade de uma verdadeira espiritualidade, capaz de responder às grandes interpelações que surgem todos os dias. A partir disso, Dom Justino reforça que a oração pode ser, além de uma forma de preparação, uma via para encontrar respostas.
Todo aquele que ora, todo aquele que reza, todo aquele que se põe em diálogo de fé com o Senhor tem chances de acolher a graça Divina, acredita o bispo. Segundo ele, essa pessoa tem chances de acolher os dons do Espírito Santo e de trilhar o caminho da sabedoria.
“Todo o processo de discernimento há de ser feito não como mero exercício intelectual, mero exercício do pensamento, mas como exercício espiritual de deixar que a fé ilumine as escolhas que temos de fazer. Isto se dá no clima de oração. Logo, a oração é caminho para o encontro de respostas”, reflete.
O primeiro vice-presidente da CNBB acrescenta que feliz é aquele que, abrindo seu coração à escuta do Senhor, abrindo e soltando sua língua para louvar e bendizer ao Senhor, para suplicar a presença do Senhor, deixa que a luz que vem do alto ilumine as suas escolhas. Essa pessoa, frisa o bispo, obtém as respostas em sintonia com o santo Evangelho.
Conclusão do Ano da Oração e início do Jubileu 2025
Proclamado pelo Papa Francisco, o Jubileu Ordinário, que é realizado a cada 25 anos, terá início no dia 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e terminará em 6 de janeiro de 2026.
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O tema escolhido para este Ano Jubilar é “Peregrinos da Esperança”. A preparação para este Jubileu começou há dois anos: em 2023, com o Ano do Concílio; e agora, em 2024, com o Ano da Oração.