Padre Roger Araújo, da Comunidade Canção Nova, conta as experiências pessoais que teve com o futuro santo, momentos que, para ele, foram inesquecíveis
Padre Roger Araujo
Jornalista e membro da Comunidade Canção Nova
Minha Experiência com o Papa João Paulo II
Eu tenho muito orgulho de fazer parte da geração João Paulo II. Minha vida e minha vocação foi toda ela marcada pela presença deste saudoso e amado Papa. Entre tantas coisas belas e marcantes, eu gostaria de lembrar três momentos inesquecíveis da minha vida, que deixaram marcas indeléveis no meu coração.
O papa João Paulo II realizou três viagens pastorais ao Brasil. A primeira delas em 1980, eu tinha apenas 6 anos de idade. Acompanhei alguma coisa pela TV e fiquei olhando para o Céu para ver o seu avião chegar em Brasília. Mas, 11 anos depois, eu já tinha 17 anos e já era seminarista Franciscano Conventual, e fui dormir na Esplanada dos Ministérios em Brasília para acompanhar bem cedinho a Missa do Papa na Capital Federal. Porém, nunca saiu da minha memória o encontro que ele teve na parte da tarde com os seminaristas no Seminário Maior de Brasília. Ele veio ao nosso encontro e fez uma inesquecível colocação sobre o nosso o chamado de Jesus e a esperança que a Igreja depositava em nós. Além de ouvir e participar atentamente daquele momento, eu fiz questão de correr no carro do papa para poder cumprimentá-lo. A doçura e o acolhimento dele ficaram marcados para sempre no meu coração.
No início de 2005, tive a graça de, juntamente com o padre Hamilton (ainda seminarista), fazer um estágio na Rádio Vaticano. Foi uma oportunidade sem igual de conhecer mais de perto o coração da Igreja. E também acompanhar os últimos momentos do Papa João Paulo II no meio de nós. Destaco a Missa de Natal, no final do ano anterior, onde fui fazer a transmissão da Missa juntamente com o amigo Silvonei José, há tantos anos exclusivamente nesta rádio da Igreja. Pouco antes de terminar o estágio, fomos agraciados em participar da última audiência do Papa. Além de ouvi-lo atentamente já muito frágil e debilitado, não perdemos a oportunidade de nos ajoelharmos aos seus pés e suplicar a ele uma benção especial. Expressei ao Papa o desejo de viver, lutar pela santidade no meu ministério sacerdotal. O papa vibrou com o meu desejo e meu deu um tapinha tão carinhoso no rosto que desejei que fosse eterno aquele momento. Abençoou a cruz que eu levei e carrego comigo para todos os lugares.
Dois meses depois, nosso amado Papa celebrava sua Páscoa definitiva. Uma comoção tomou conta do mundo inteiro. Católicos ou não, em todos os lugares o sentimento era da perda de um líder, de um pai e de uma referência de ética e de moral para a sociedade moderna. Coube a mim e ao meu querido irmão Ronaldo tomarmos conta dos estúdios da TV Canção e transmitirmos de forma positiva e emotiva aquela importante notícia. Entramos tarde e noite afora, adentramos a madrugada. Cochilamos um pouco e continuamos quase que de forma ininterrupta, levando às pessoas em suas casas o significado daqueles momentos vividos pela Igreja e pelo mundo. Aquele trabalho custou muito esforço, conhecimento, reflexão. Mas, o principal: fez crescer o amor e a paixão por aquele homem tão apaixonante. João Paulo II nos ensinou com sua vida, de modo que sua morte foi uma catequese viva de tudo que significou sua vida.