Dom Antônio Augusto fala da contribuição pessoal de João Paulo II e de seu pontificado na defesa da dignidade da vida
Jéssica Marçal
Da Redação
Do pontificado de João Paulo II, um dos destaques foi sua veemente postura com relação à promoção e proteção da dignidade da vida. Seja em discurso, homilias ou documentos, o beato polonês procurava combater a cultura da morte e mostrar o caráter sagrado e inviolável da vida.
Membro da Comissão para Vida e Família da CNBB, Dom Antônio Augusto Dias Duarte comenta essa característica do pontificado de João Paulo II. Ele acredita que, através do beato, o mundo pôde ver que a cultura da vida deveria predominar, começando pela família, que o próprio Papa intitulou como “berço da vida e do amor”.
“Nós temos na figura de João Paulo II um grande promotor da cultura da vida e essa foi sua grande contribuição não só para a Igreja, mas para que a sociedade toda tivesse a noção de que a cultura da morte só pode ser combatida desde a família, quando se valoriza a vida humana como um dom de Deus, como contribuição que a família dá à humanidade”.
O futuro santo conviveu desde pequeno com a morte. Primeiro, a morte da mãe, depois do irmão, mais tarde do pai. Já adulto, viveu em meio às atrocidades da Segunda Guerra e, posteriormente, com o regime comunista. Nesses cenários, João Paulo II viu tantas mortes.
“O Papa foi muito marcado pela morte, o que não quer dizer que fosse uma pessoa pessimista, triste, desanimada perante o futuro da humanidade. Foi justamente a convivência com a morte que o fez ser um apóstolo da vida ao valorizar, promover e difundir o valor da vida humana como inestimável, como um dom de Deus e como a maior contribuição que se pode dar a uma sociedade que quer realmente ser civilizada”
Um dos documentos em que o Pontífice manifestou claramente a posição de defesa da vida foi a encíclica Evangelium Vitae, de 1995. Dom Antônio explica que esse documento condensa a preocupação de João Paulo II diante dessas realidades em que ele vivia. A encíclica quis apontar as diretrizes para um serviço que todas as pessoas de boa vontade devem prestar em favor da cultura da vida.
No final do documento, o Papa polonês convoca todos a serem promotores da cultura da vida, entregando aos jovens uma grande parte dessa responsabilidade. Embora escrita em 1995, a encíclica permanece atual. Dom Antônio destaca que todas as palavras do Papa João Paulo II e deu seus sucessores não são limitadas por uma época, mas iluminam todas as épocas, pois são palavras do Sucessor de Pedro, daquele escolhido pelo Espírito Santo.
“As palavras da Encíclica Evangelium vitae – Evangelho da Vida – estão em plena atualidade porque a cultura da vida não se constrói da noite para o dia. É uma cultura que tem que ser construída de uma forma a chegar a todos os ambientes onde hoje a cultura da morte parece – não é verdade – mas parece que tem um caráter predominante. Ainda há muito que fazer”.
Dom Antônio recorda ainda que uma vez que Cristo veio ao mundo para trazer a vida e vida em abundância, João Paulo II não se restringiu a defender o começo e o final da vida, mas todas as suas dimensões e etapas. Ele citou que há outros documentos do Pontífice que também falam da necessidade de garantir a dignidade da vida, como o que fala sobre o trabalho (Laborem exercens), e sobre a liberdade humana, ele fez várias intervenções em suas viagens.
“Para o Papa, não é a apenas a vida biológica, mas a vida em todas as etapas e em todas as suas dimensões”.