Pontífice que conduziu a Igreja por quase 27 anos deixou ricos documentos sobre doutrina e evangelização
Rogéria Nair
Da Redação
João Paulo II deixou para a Igreja e o mundo um legado de obras, sendo 14 Encíclicas, 15 Exortações Apostólicas, 24 Constituições Apostólicas, 83 Cartas Apostólicas, cinco livros de sua autoria, o Catecismo da Igreja Católica, promulgado em seu pontificado, além de ricas reflexões em discursos e homilias.
Dentre suas encíclicas, um dos destaques é a Fides et ratio – fé e razão – escrita em 14 de setembro de 1998. No documento, o Pontífice leva os fiéis a refletirem sobre o conhecimento de si e da verdade plena que é Deus. Ele afirma que foi Deus quem colocou, no coração do homem, o desejo de conhecer a verdade, de conhecer Deus, de modo que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar ao conhecimento pleno da própria verdade. Ele também enfatiza que a Igreja não é e não pode ser alheia aos questionamentos que urgem no coração do homem desde que recebeu, no mistério Pascal, o dom da verdade última sobre a vida do homem: Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida. (Acesse todas as encíclicas de João Paulo II)
Em 22 de maio de 1994, a Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis, sobre um assunto que já foi alvo de questionamentos: a ordenação sacerdotal reservada somente aos homens. O Papa afirma: “Declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”.
Com o documento, João Paulo II esclarece a questão da ordenação sacerdotal reservada a homens, mas não deixa de destacar a importância da mulher. Ele menciona a Virgem Maria, Mãe de Deus, lembrando que o fato de ela não ter recebido a missão própria dos apóstolos nem o sacerdócio ministerial não pode significar uma menor dignidade nem uma discriminação a seu respeito, mas a observância fiel de uma disposição que se deve atribuir à sabedoria do Senhor do universo. (Acesse todas as Cartas Apostólicas de João Paulo II)
Também é de autoria de João Paulo II a Constituição Apostólica Pastor Bonus, sobre a Cúria Romana. O documento tem tido destaque nos últimos tempos, já que o atual Pontífice, Francisco, criou uma Comissão que estuda uma reforma profunda no documento. (Acesse todas as Constituições Apostólicas de João Paulo II)
Em suas Exortações Apostólicas, abordou temas como a Igreja na Oceania, a Igreja na Ásia, a Igreja na América, a Vida Consagrada, Reconciliação e Penitência, famílias e catequese. Em Christifideles laici – Os fiéis leigos – de 30 de dezembro de 1988, ele aborda temas diretos sobre o laicato. Neste documento, os fiéis são convidados a exercer seu papel de anunciadores do Evangelho. João Paulo II menciona o Concílio Vaticano II:
“O sagrado Concílio pede, instantemente, no Senhor, a todos os leigos que respondam com decisão de vontade, ânimo generoso e disponibilidade de coração à voz de Cristo, que, nesta hora, os convida com maior insistência, e ao impulso do Espírito Santo”. (Acesse todas as Exortações Apostólicas de João Paulo II)
Outra obra de destaque é a Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae, de 15 de agosto de 1990, em que o beato reflete sobre as Universidades Católicas. O Papa aponta rumos que devem ser seguidos por professores e profissionais universitários e retoma o sentido original da Universidade como instituição, que tem como cerne revelar sempre um centro incomparável de criatividade e de irradiação do saber para o bem da humanidade.
“Os professores cristãos são chamados a ser testemunhas e educadores duma autêntica vida cristã, a qual manifeste a integração conseguida entre fé e cultura, entre competência profissional e sabedoria cristã”.
A família é outra temática que foi tratada com muito carinho pelo beato, futuro santo. Dedicando-se à questão familiar, ele escreveu uma Exortação Apostólica Familiaris consortio, em 1981, e a Carta às Famílias, em 1994, além de instituir o Encontro Mundial das Famílias. (Acesse todas as cartas de João Paulo II)