Obra foi publicada no pontificado de João Paulo II para sustentar e confirmar a fé dos discípulos de Jesus
Rogéria Nair
Da Redação
Um dos grandes feitos do pontificado do Papa João Paulo II foi a promulgação do Catecismo da Igreja Católica (CIC), em outubro de 1992. Tudo começou, em janeiro de 1985, quando ele convocou uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para tratar dos frutos do Concílio Vaticano II na vida da Igreja.
O bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte (MG), Dom Wilson Angotti, explica que o Concílio Vaticano II, convocado por João XXIII, não determinou a elaboração de um Catecismo, mas sim de um diretório com normas gerais para a formação catequética. Em pouco tempo, viu-se a necessidade e utilidade de um Catecismo visando a formação dos leigos, a fim de ter um laicato maduro e bem preparado.
“Na prática, percebemos que nos últimos cinco séculos os catecismos cumprem a função de ‘popularizar’ as reflexões e concepções dos concílios que os precederam. Assim também, após o Concílio Vaticano II, o Catecismo da Igreja Católica auxilia o povo de Deus a conhecer e assimilar as intuições conciliares”, afirma Dom Wilson, que também é membro da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB.
Por ocasião do Sínodo dos Bispos, no intuito de avaliar os 20 primeiros anos pós Concílio Vaticano II, surgiu, no coração dos padres sinodais, o desejo de um Catecismo ou compêndio que abordasse a Doutrina Católica, servindo de referência para os catecismos ou compêndios a serem preparados em diversos lugares do mundo.
Após o Sínodo, o Papa João Paulo II assumiu para si este desejo e deu início ao trabalho de formulação do Catecismo. Ele confiou ao Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa emérito Bento XVI, a responsabilidade de presidir uma comissão composta por doze cardeais e bispos para preparar um projeto para o Catecismo.
“Em 1986, o Papa João Paulo II nomeou uma comissão composta de cardeais e bispos que, durante seis anos, trabalharam na elaboração do Catecismo, recebendo milhares de contribuições de bispos do mundo todo e de suas igrejas, de conferências episcopais e de especialistas na educação da fé, gerando uma obra colegial de toda Igreja”.
Na Constituição Apostólica Fidei Depositum, para a publicação do Catecismo da Igreja Católica, João Paulo II deixa claro o objetivo da obra. “A aprovação e a publicação do ‘Catecismo da Igreja Católica’ constituem um serviço que o Sucessor de Pedro quer prestar à Santa Igreja Católica, a todas as Igrejas particulares em paz e em comunhão com a Sé Apostólica de Roma: o serviço de sustentar e confirmar a fé de todos os discípulos do Senhor Jesus (cf. Lc 22,32), como também de reforçar os laços da unidade na mesma fé apostólica”.
Analisando o Catecismo em si, como uma obra que apresenta sintética e sistematicamente o conteúdo da fé, Dom Wilson considera que a publicação atingiu seu objetivo. “Porém, considerando que ele é um instrumento a serviço da missão da Igreja e que esta deve conhecer, aprofundar e ensinar o que recebeu do Senhor, podemos dizer que, em relação à sua finalidade, o objetivo do Catecismo vai se concretizando dia a dia, à medida de nosso empenho em realizar nossa missão de anunciar e formar na fé”.
O Catecismo no Brasil
No Brasil, a difusão do Catecismo da Igreja Católica intensificou-se principalmente devido ao Ano da Fé e à Jornada Mundial da Juventude, quando os fiéis demonstraram grande interesse em conhecê-lo melhor.
Para Dom Wilson, o Catecismo não se encerra apenas no campo teórico, pois se trata de um encontro com o Senhor e por meio dele têm-se uma vida cristã esclarecida e consistente. “Considerando que o Catecismo tem em vista favorecer o conhecimento dos conteúdos da fé, podemos dizer que, por meio dele, Cristo é transmitido”, afirma o bispo.