Fundador da Comunidade Aliança de Misericórdia comenta o fervor de João Paulo II ao propagar a Divina Misericórdia
Rogéria Nair
Da Redação, com colaboração de Danusa Rego
A devoção de João Paulo II à Divina Misericórdia antecede seu pontificado. Ainda em Cracóvia, em meio aos sofrimentos decorrentes das ideologias nazistas e comunistas da época, o beato polonês foi atraído pela misericórdia por intermédio de uma simples freira também polonesa, hoje santa, chamada Faustina Kowalska, que falecera pouco antes de sua chegada à cidade.
“Muitas das minhas recordações pessoais estão ligadas a este lugar. Vinha aqui, sobretudo, durante a ocupação nazista, quando trabalhava na fábrica vizinha: Solvay. Ainda hoje, lembro-me do caminho. Percorria-o todos os dias, quando ia trabalhar vários turnos, com calçado de madeira nos pés. Como era possível imaginar que, um dia, aquele homem de tamancos haveria de consagrar a basílica da Divina Misericórdia em Lagiewniki da Cracóvia?”, disse João Paulo II, em 17 de Agosto de 2002, durante a dedicação do Santuário da Divina Misericórdia na Polônia.
A irmã Elizbetq Siepak, uma das irmãs de Santa Faustina, recorda esse momento que foi a última visita do Papa à Polônia. “Isso foi, em 17 de agosto, quando entregou o mundo aos cuidados da misericórdia. Por isso podemos dizer que, historicamente, ele é como o Papa da Misericórdia”, declarou a irmã.
Durante seu pontificado, o Papa polonês dedicou-se a infundir, no coração dos fiéis, a Divina Misericórdia. Estabeleceu o 2º Domingo de Páscoa como o Domingo da Misericórdia e elevou Irmã Faustina aos altares durante o ano de 2000, ano Jubilar. Em 2002, anexou indulgências aos atos de culto realizados em honra da Misericórdia por meio de um decreto.
“João Paulo II não parou de propagar a força da misericórdia como último baluarte de Deus diante das forças do mal. Para o beato, a misericórdia é uma carícia de Deus nas feridas da humanidade”, destacou o fundador da Comunidade Aliança de Misericórdia, padre Enrico Porcu.
Dives in Misericordia
Em 1980, João Paulo II publicou a Encíclica Dives in Misericordia. O texto é um apelo aos cristãos para que continuem a confiar na misericórdia e para que sejam insistentes em clamá-la ao céu. Nesta encíclica, o Pontífice faz uma leitura espiritual do mundo e de seus acontecimentos, tendo como pano de fundo os escritos de sua compatriota Irmã Faustina Kowalska.
De acordo padre Enrico, a ditadura nazista comunista era explícita. Hoje, porém, vive-se um tempo de uma “ditadura disfarçada”. Frente a isso, é preciso contar com a experiência da misericórdia, que é o encontro com Jesus que está vivo e toca as feridas com uma força nova, com a alegria do Evangelho. “Um tempo de grande miséria é um tempo de grande misericórdia”, assegura padre Enrico.
No diário de Santa Faustina, Jesus afirma à santa: “Amo a Polônia de maneira especial, e se ela for obediente à Minha vontade, Eu a elevarei em poder e santidade. Dela sairá a centelha que preparará o mundo para a Minha vinda derradeira”.
O fundador da comunidade Aliança de Misericórdia afirma que Deus tem um amor especial pela Polônia. A Igreja local tem um caráter conservador, entretanto, na atualidade, experimenta o revigor pelo fervor das novas comunidades que exercem os dons do Espírito Santo.
Padre Enrico afirma ainda que João Paulo II e Santa Faustina, juntos, formam essa centelha que inflamaram o mundo com a força da misericórdia divina. “João Paulo II é a centelha que incendiou o mundo com a força da misericórdia”, conclui o sacerdote.