João Paulo II esteve em Portugal três vezes. Missionária da Canção Nova acompanhou última visita e conta seu relato
Jéssica Marçal
Da Redação
Papa diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima em visita a Portugal / Foto: Santuário de Fátima
“O Papa de Fátima”. Assim os portugueses conhecem o Papa João Paulo II, devido à sua visita à cidade portuguesa em três ocasiões e à sua devoção à Nossa Senhora de Fátima.
Foi justamente em um 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima, que João Paulo II sofreu um atentado que quase lhe tirou a vida, em 1981. Um ano depois, em maio de 1982, ele foi a Fátima durante sua peregrinação apostólica em Portugal, realizada de 12 a 15.
No discurso na cerimônia de boas vindas, o Papa mostrou como aquele momento era a realização de um sonho: conhecer Fátima. Ele não deixou de enfatizar que aquela era uma oportunidade de agradecer por sua vida ter sido salva do atentado sofrido no ano anterior.
“Em direção à Fátima ou no retorno de Fátima, levo no coração o cântico de ação de graças de Nossa Senhora, por Deus me ter salvado a vida, aquando do atentado sofrido, a 13 de Maio do ano passado; assim, em atitude adoradora, vou repetindo: ‘A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador’ (Luc. 1, 47)”, disse na ocasião.
Nesse mesmo discurso, o Papa expressou seu desejo naquela viagem: animar a comunidade eclesial e comunicar Cristo com humildade e simplicidade.
Entre os quatro dias de sua estadia em solo português, João Paulo II teve um encontro com os leigos católicos, com a comunidade franciscana na Igreja de Santo Antônio em Lisboa, capital portuguesa. Nesse mesmo local, ele participou de um encontro inter-religioso, com representantes das comunidades cristãs, do Judaísmo e do Islamismo.
“Podemos afirmar, hoje, em comum a fé num Deus único, criador de todas as coisas, vivo, onipotente e misericordioso, seria já o bastante para me tornar grato este encontro; estou contente por nos ser dada esta oportunidade de testemunho, que é ao mesmo tempo preito e ato de submissão ao nosso Deus” (Leia o discurso).
João Paulo II e irmã Lúcia, uma das videntes do segredo de Fátima / Foto: L’Osservatore Romano
Novas visitas: 1991 e 2000
A despedida naquele 15 de maio de 1982 não seria definitiva, mas só um “até logo”. Nove anos depois, o Papa polonês voltou às terras portuguesas, em uma viagem apostólica de quatro dias.
Entre os momentos marcantes, nessa segunda visita, destaca-se a vigília de oração no Santuário de Fátima, quando João Paulo II exortou os fiéis a perseverarem na devoção a Maria. Outro momento importante foi o Ato de Confiança a Nossa Senhora, realizado em 13 de maio de 1991.
A última vez que o beato pisou em solo português foi em 2000, por ocasião da beatificação dos Veneráveis Jacinta e Francisco, pastorinhos de Fátima. Márcia Costa, missionária da Comunidade Canção Nova, acompanhou de perto esta última visita de João Paulo II a Fátima, momento que reuniu cerca de 2 milhões de pessoas.
“Havia telões espalhados pelo recinto do Santuário para que as pessoas pudessem acompanhar as cerimônias. O Papa João Paulo II foi recebido com muita emoção e fervor, até porque ele era considerado o Papa de Fátima, devido ao amor que tinha pela mensagem de Fátima e pelos Pastorinhos”.
Márcia conta que ela e seus irmãos de comunidade ficaram à espera do Papa com seis horas de antecedência, para poder pegar um bom lugar e vê-lo passar. Quando ele enfim chegou, a emoção foi grande. “O que ficou para mim do que eu senti foi que ele era um homem tão cheio do Espírito que não era preciso o tocar, bastava apenas vê-lo para que sentíssemos a presença forte de Deus nele”.
Um dos momentos marcantes segundo Márcia foi ver o comportamento do Papa diante de Nossa Senhora, a quem ele atribuía a intercessão que salvou sua vida. “Vê-lo ajoelhado diante da imagem de Nossa Senhora na Capelinha das aparições foi muito especial. Penso que deve ter sido o momento mais aguardado pelas milhares de pessoas que acompanhavam as cerimônias. Ele deteve-se, ali, em silêncio, em oração e toda multidão fez também o mesmo”.
Diante de suas inúmeras viagens, João Paulo II ficou conhecido como o Papa Peregrino. Márcia acredita que ele deixou um grande exemplo, pois pregou com a vida em cada lugar por onde passou. Ela diz que a importância dessas peregrinações se refletiu no dia do funeral do Papa, que reuniu autoridades de tantos países. “Para mim é difícil encontrar uma palavra para defini-lo”, finaliza a missionária.
