Há exatamente um ano, o Haiti foi vítima de uma das piores tragédias naturais dos últimos anos. Em 12 de janeiro de 2010, os haitianos foram surpreendidos por um terremoto que provocou a morte de milhares de pessoas e deixou inúmeros desalojados.
O Brasil também guarda na memória essa data devido à morte de um dos ícones do país no combate à mortalidade infantil: Zilda Arns, a fundadora da Pastoral da Criança. Ela estava no Haiti em um encontro com os líderes religiosos para iniciar os trabalhos da pastoral entre as crianças haitianas que sofrem com a pobreza do pais.
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O filho dela, Nelson Arns, afirma que, mesmo se a Drª. Zilda soubesse do risco de um terremoto, "ela teria tomado essa atitude em prol das crianças do Haiti, que já era o país mais pobre das Américas e, depois do terremoto, se tornou ainda mais".
"Ela estava muito interessada em ajudar as crianças", afirmou seu filho, que é médico como a mãe e, atualmente, é o coordenador internacional da Pastoral da Criança.
Nelson conta que a Drª. Zilda já havia estado na divisa do Haiti com a República Dominicana e ficou impressionada com os relatos que de lá vinham sobre a extrema pobreza. Depois disso, só aguardou uma oportunidade de ir ao Haiti. "Ela já tinha programado uma viagem, que foi cancelada por causa da revolução interna daquele país. Não havia segurança", destaca.
Com o fim dos conflitos internos, surgiu o convite da conferência dos religiosos no Haiti. "Ela estava muito empolgada com a oportunidade única de se encontrar com toda a Igreja naquele país e foi com muita alegria", recordou.
Legado de Zilda Arns
Como filho, Dr. Nelson destaca que Zilda Arns deixou três lições importantes para sua família: o respeito a todas as pessoas, a perseverança – "ela não desistia nunca, fazia seu trabalho até o fim", recordou ele – e o amor sem qualquer distinção de classes e raças. "Todo ser humano merece nosso respeito, consideração, e ela fazia questão de demonstrar isso no seu dia a dia".
"Ela sempre fez muita questão de aliar o amor com o conhecimento técnico", destacou Nelson Arns, sobre as contribuições que Drª Zilda deixou para a Pastoral da Criança. "Ela buscava o embasamento cientifico, fazia parcerias com as universidades, contratava pesquisas. Ela fazia muita questão de aliar o amor ao conhecimento cientifico para que a gente estivesse sempre no rumo correto na Pastoral da Criança".
Dr. Nelson recorda que uma das grandes contribuições da Pastoral da Criança é "o reforço do papel da família". Ele destaca que, há 30 anos, havia um grande número de mortalidade infantil no Brasil, por doenças como a poliomelite e mortes devido à desidratação causadas por diarréia. "Doenças preveníveis e fáceis, que a família, quando assume, pode resolver".
"Olhando o grande progresso do Brasil, percebemos que houve investimentos na estrutura, mas houve, principalmente, o fortalecimento da família, assumindo seu papel na prevenção e na educação de suas crianças", ressaltou.
E concluiu: "A familia é que dá a oportunidade para a criança se desenvolver, ela que a protege desses momentos de risco (…). [Sem esse fortalecimento da família], com certeza o Brasil não teria chegado onde chegou".
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