Com pandemia ainda em 2021, profissionais contam como as escolas se prepararam para volta às aulas dos alunos
Denise Claro
Da redação
Começou o novo ano e, com ele, o ano letivo. Em 2020, a pandemia levou escolas de todo o país a reinventarem seus modelos de ensino. Em 2021, ainda há dúvidas sobre como será a volta às aulas para crianças e adolescentes no ano letivo de 2021.
Com a pandemia ainda em andamento, secretarias de ensino em todo o país adotaram diferentes protocolos e datas para a volta às aulas. Há cidades em que as aulas continuarão de forma on-line. Em outras, já será possível o retorno presencial, respeitando o distanciamento e medidas de higiene. Há escolas, ainda, que adotarão o sistema híbrido. Nesse caso, em alguns dias a aula é presencial e, em outros, on-line, inclusive com revezamento dos alunos.
Em São Paulo, a volta às aulas nas escolas estaduais acontecerá em 8 de fevereiro. Já as particulares estão autorizadas a retomar suas atividades na primeira semana. O modo como vai acontecer, porém, fica a cargo da realidade de cada município.
Volta às aulas on-line: aprendizado em 2020
A diretora do Instituto Canção Nova, Shirleya Nunes, conta que a definição para a cidade de Cachoeira Paulista (SP), que ainda está na fase laranja, é a de que o início das aulas aconteça de forma remota.
“Vamos continuar fazendo como estávamos anteriormente, respeitando a prudência e o cuidado pelo número de alunos que há na escola (mais de mil alunos). As aulas acontecerão por meio das plataformas digitais, e vamos nos preparando para uma possível volta presencial posteriormente, dependendo da fase em que o município se encontrar.”, diz Shirleya.
A diretora afirma que, para os alunos que mudarão de série e, consequentemente de professor, há uma preocupação com essa transição. Com isso, haverá momentos on-line para que esta adaptação seja feita da melhor forma.
“Por exemplo, os alunos que estão vindo da educação infantil, mudando de professora, de série e, no nosso caso, até de prédio, vamos fazer tudo para que as crianças e pais consigam ir conhecendo os professores aos poucos. Haverá comunicados e reuniões para o preparo e acompanhamento desse grupo, porque é uma mudança de ciclo, liderança, e é preciso um trabalho junto com a família para que possamos colher bons frutos.”
Adaptação
Shirleya recorda o comunicado, do dia 18 de março de 2020, que dizia que as aulas presenciais seriam suspensas. Ela também se lembra de como as escolas, de um modo geral, tiveram que se adaptar e corresponder à mudança.
“Tivemos praticamente meio dia para nos organizar e não prejudicar os alunos quanto à questão de atividades, das aulas. Migramos para o on-line e foi um desafio para pais, educadores e alunos. Com a experiência de 2020, penso que este ano, mesmo iniciando de forma remota, vai ser melhor vivido e vivenciado, porque já aprendemos no ano passado. A expectativa é de fazer o melhor, trabalhar melhor o conteúdo e as competências, e preparar os nossos alunos para uma volta presencial.”
Ensino híbrido e presencial
Carla Eugênia Brito é diretora pedagógica e de inovação da escola Coesi em Aracaju (SE). No estado, o retorno das aulas presenciais está permitido desde o dia 18 de janeiro. A principal orientação das autoridades é que as escolas devam seguir rigorosamente os protocolos sanitários. Isso é necessário para manter e garantir os cuidados com a volta às aulas.
“As aulas na escola voltaram no dia 24. Foram quase sete meses de preparação para receber nossos estudantes com segurança. Nosso time de professores e colaboradores foram treinados para uma retomada segura de toda comunidade escolar e seguimos um rigoroso protocolo de biossegurança, que foi elaborado pela equipe multidisciplinar e validado por médicos infectologistas e enfermeiros do hospital Primavera.”
Consulta às famílias sobre volta às aulas
Carla explica que a escolha do formato das aulas se deu através de um questionário enviado para as famílias dos alunos. O resultado foi que 57% optaram pelo ensino híbrido e 43% pelo ensino presencial. A escola, então, respeitando os protocolos, dividiu cada turma em dois grupos, com rodízio semanal para aqueles que optaram pelo híbrido.
“Os alunos do grupo A vêm naquela semana, já os do grupo B ficam em casa assistindo simultaneamente as aulas. Na segunda semana, reverte o rodízio dos grupos. Para suportar o ensino híbrido simultâneo, houve um alto investimento em tecnologia, suporte tecnológico e formação dos professores. Os gaps pedagógicos do ensino remoto na pandemia serão trabalhados através de um programa de avaliação continuada. Iremos mapear as habilidades dominadas ou não e montar um plano de ação que permita o avanço do processo formativo.”
Professor, escola e família: adaptação e frutos
A diretora lembra, com orgulho, o crescimento observado nos alunos e professores em 2020. Foi um tempo em que a escola se readequou e mostrou que pode acontecer, quando os estudantes estão dispostos a aprender e os professores dispostos a auxiliar na construção deste conhecimento.
“A adaptação foi de todos: escola, família e alunos, unidos com um único objetivo: o aprendizado. Não foi um ano fácil e sim de grande aprendizado. O ensino remoto trouxe ao aluno a autorresponsabilidade, autogestão e, sobretudo, ensinou a conviver com as adversidades. Ao professor, ensinou que a sala de aula não está presa a um quadro, outras ferramentas auxiliam no processo. E às famílias, ensinou que o sucesso do aprendizado se dá através da tríade: Professor, Escola e Família.”
Para 2021, a profissional prevê que é a vez do ensino híbrido e presencial. “O foco está, cada vez mais, no aluno, no uso de metodologias ativas, na aprendizagem baseada em projetos, na busca por um aluno cada vez mais protagonista e atuante. O professor, mais uma vez, é um dos atores principais trazendo à baila um espetáculo para encantar os alunos que ficaram distantes da sala de aula e voltaram para o presencial e também àqueles que estão em casa. É um momento novo para todos. Sem dúvida as mudanças no ensino vieram para ficar.”