Aborto e eutanásia constituem dois atentados contra a vida humana que causam muita polêmica na sociedade. Mas na vida cotidiana o homem adota hábitos e comportamentos que também acabam colocando a vida do homem em situações de perigo.
Esses riscos são um dos assuntos discutidos durante a Semana Nacional da Vida, em andamento no Brasil desde a última segunda-feira, 1. O início desse tipo de conduta por parte do ser humano pode estar na má interpretação do livre arbítrio a ele concedido.
“Deus nos dá a liberdade, para que nela, a partir do livre arbítrio, nós possamos sempre nos decidir em nossa vida por experiências de amor, que nos realizem profundamente nessa dinâmica de sermos plenos no amor”, foi o que explicou o padre Alessandro Henrique das Chagas, da Paróquia Santa Cecília, em Cruzeiro (SP).
O sacerdote destacou que essa liberdade não implica em ações pautadas somente na própria vontade, mas é a capacidade que Deus dá ao ser humano para que ele decida pelo que é bom, “sempre inspirado pelo amor que Deus tem por nós.
A causa do problema
Mas o que leva o homem aos vícios, como as drogas, e aos comportamentos de risco, como a irresponsabilidade no trânsito? Padre Alessandro explicou que a compreensão dessa problemática tem uma dinâmica dupla. A primeira delas é o fato de que todos os seres humanos têm o desejo de felicidade, de realização plena.
“Vamos pegar uma pessoa que faz experiência das drogas, por exemplo. Humanamente falando, ela não deseja a droga pela droga, porque ela sabe que a droga é um mal. (…) Mas o que ela deseja no fundo quando ela se droga? Ela deseja ser feliz e realizada”.
Porém, padre Alessandro explicou que o problema está no fato de que, muitas vezes, este desejo não é bem iluminado e educado na vida da pessoa. “Então a gente acaba pegando as primeiras experiências e, às vezes experiências não tão boas, como se aquilo fosse a fonte da nossa verdadeira realidade”.
E aí está a segunda face da compreensão da problemática: o fato de que essa dinâmica dos maus hábitos às vezes não está clara no coração da pessoa. A partir disto se explica a necessidade, segundo o padre, de um processo de evangelização.
“Por isso que a gente precisa de um processo que elucida a clareza do coração humano para que nós entendamos que a única fonte da nossa felicidade é Deus”.
Para exemplificar o caso destes que não entendem que o caminho é Deus, o padre recorreu à história de Santo Agostinho. “Quantas e quantas vezes Santo Agostinho buscou em caminhos maus, em hábitos maus aquilo que estava dentro dele que era a experiência do amor de Deus, que era o próprio Deus que o habitava. Quando ele faz essa descoberta, ele percebe ‘Meu Deus, por que é que eu fui te amar tão tarde?’”.
Atuação dos cristãos
Sendo os hábitos e comportamentos de risco à vida humana uma realidade, a problemática converge para o que pode ser feito a fim de sanar a situação. De acordo com padre Alessandro, o “antídoto” para todo esse mal é a compreensão de que a fé é o caminho.
“A fé vai nos projetar para aquilo que é o projeto original de Deus para nós: estarmos em comunhão com esse Deus, nesse Deus no qual tudo posso, que me ilumina, que me ama, esse Deus que dá o primeiro passo em vir me buscar”, disse.
Ao comentar esse aspecto, o padre lembrou que em outubro inicia-se o Ano da Fé, um ano especial na realidade da Igreja e dos cristãos. Ele enfatizou que esta será uma ocasião para refletir, reavaliar e repensar como o homem vive a sua fé.
Um segundo ponto abordado pelo padre é o entendimento de que o homem tem suas dificuldades, mas é uma criatura amada por Deus. Nesse sentido, padre Alessandro defende o resgate dos irmãos, da família e das pessoas amadas, uma vez que elas são filhas de Deus.
“Deus os ama muito e nós precisamos ser os primeiros a manifestar esse amor a esses nossos irmãos. Um vício, um mau caminho, um mau hábito a gente só consegue se livrar dele a partir da experiência do amor”, finalizou.
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