São estimados, segundo o INCA, 176.930 casos de câncer de pele neste ano; campanha Dezembro Laranja conscientiza sobre a doença
Thiago Coutinho
Da redação
Os dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) a respeito do câncer de pele são preocupantes: em 2020, 176.930 brasileiros devem ser vítimas da doença, sendo 83.770 homens e 93.160 mulheres. O câncer de pele corresponde a 27% de todos os tumores malignos no país, sendo os carcinomas basocelular e espinocelular (não melanoma) os mais frequentes. Os percentuais de cura, porém, são altos, desde que detectados e tratados de maneira precoce. E a prevenção é essencial, como bem lembra a campanha Dezembro Laranja.
Segundo o dermatologista Elimar Gomes, coordenador nacional do Dezembro Laranja, campanha contra o câncer de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o brasileiro, por hábito, gosta de se expor ao sol e se bronzear. Este hábito é um dos responsáveis pelo grande número de vítimas da doença no país.
“O brasileiro culturalmente gosta de se expor ao sol e de ter a pele bronzeada. Por outro lado, pesquisas indicam que o brasileiro desconhece a gravidade do câncer de pele, apesar de saber que a sua principal causa é a radiação ultravioleta do sol. Além disso, pelo seu custo, o protetor solar não é uma prioridade de compra. De qualquer forma, é importante ressaltar que podemos nos proteger da radiação solar permanecendo na sombra, evitando exposição das 9 às 15 horas, usando roupas, chapéu, guarda-sol, barracas e óculos”, ensina o especialista.
O autoexame ABCDE
Assim como ocorre com outros tipos de câncer, o de pele também pode ser reconhecido por meio de um autoexame, denominado ABCDE (confira os detalhes no quadro ao final deste texto). “É importante observar a própria pele constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesão suspeita”, adverte Gomes.
Feridas que não cicatrizam também podem ser um indício de presença da doença. A aparência dessas feridas vai contar muito na hora do diagnóstico. “No caso do carcinoma espinocelular, a aparência é uma coloração avermelhada que se apresenta na forma de machucados ou feridas espessas e descamativas, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Se a ferida não cicatrizar em quatro semanas, o paciente precisa se consultar com um dermatologista para receber o diagnóstico correto”, afirma o especialista.
Não se expor ao sol
Embora o câncer de pele seja mais comum em pessoas com mais de 40 anos e seja raro em crianças e negros, o ideal é que as pessoas não se exponham ao sol de maneira demasiada e, se o fizerem, que estejam protegidas. “Especificamente em relação ao filtro solar, não deverá ser utilizado por crianças menores de 6 meses, mas podem prevenir esses pequenos do sol com chapéus, bonés, ficando à sombra etc. A partir dessa idade, os protetores solares kids já podem começar a ser utilizados”, ensina o coordenador nacional da campanha Dezembro Laranja.
Ao contrário da crendice popular, o cabelo sozinho não protege contra queimaduras e também deve ser resguardado da exposição solar. “Use chapéus e bonés, evite a exposição ao sol entre os períodos de maior radiação e permaneça na sombra sempre que possível”, reitera o dermatologista.
Como usar o protetor solar
Antes de adquirir o protetor solar, é necessário que alguns itens sejam levados em consideração. Primeiro: o protetor deve sempre ser FPS 30 ou maior. Seu uso deve ser diário. Lembre-se: quanto mais alto o fator do protetor solar, maior será sua eficiência na proteção contra os raios solares.
A aplicação também deve seguir algumas regras. “É necessário aplicar 2g/cm2 do protetor solar na superfície da pele para atingir a proteção solar descrita na embalagem. A primeira aplicação é fundamental e deve ser feita com maior atenção e cuidado, pelo menos 15 minutos antes da exposição solar, de preferência sem roupa ou com maior quantidade possível”, ensina o dermatologista.
Recomenda-se ainda que uma reaplicação seja feita a cada duas horas ou após suar muito, tomar banho de piscina ou mar. “A quantidade a ser aplicada deve ser observada, recomendando uma das duas alternativas: aplicação em duas camadas, a primeira aplicação da forma que o usuário está habituado e uma imediata reaplicação; ou, utilizando a regra da colher de chá: uma colher de chá pra cobrir rosto, cabeça e pescoço, uma para cada braço, duas pra o tronco e duas pra cada perna”, finaliza Gomes.