Na véspera da Solenidade de Todos os Santos, Dom Roberto destaca aqueles que, com uma vida santa, realizaram grandes transformações e mudanças na história
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Nesta celebração, não pensamos somente nos Santos que já foram inseridos no catálogo oficial do Calendário Santoral, mas na imensa multidão de confessores e mártires citados na assembleia do Apocalipse. Trata-se, como afirma o Papa Francisco na sua Carta Apostólica Gaudete Et Exultate, de irmãos que estão na porta da santidade comum e cotidiana, de pessoas que, com sua vida luminosa e cheia de bondade, deixaram o mundo mais feliz e habitável.
Somos muitas vezes, como explica Pierre Weill, acometidos pelo mal da “normose” e da mediocridade, querendo não sair dos padrões do considerado conveniente e útil esquecendo, que ser pessoa humana, é sempre transcender-se a si mesmo, buscando o horizonte do sonho e da utopia de um mundo melhor. Os Santos são pessoas como a gente, que só fazem extraordinário e fascinante aquilo que é corriqueiro e maçante para muitos, pondo amor e toda a vida em cada atividade, gesto e relacionamento.
Elizabeth da Trindade sempre dizia que uma alma santa eleva toda a humanidade, é verdade, pois o sal e luz de que fala o Evangelho, que dão sabor a nossa existência, por vezes, cinzenta e insossa, é dado por esses irmãos (ãs) que não se poupam, mas se entregam sem reservas a Deus e aos pobres.
Os Santos, sem buscá-lo nem querê-lo, operam as grandes transformações e mudanças na história, gerando uma humanidade mais compreensiva e solidária, capaz de sentir ternura e empatia para com seus semelhantes, curando as feridas da divisão e do ódio, da exclusão e da miséria. Que bom é termos entre nós esta pessoas que não nos deixam acomodarmos, que nos inquietam e acendem em nós aquela saudade e chamado para sermos melhores, que fazia a Charles Peguy expressar com uma mistura de revolta e desejo: “Há uma só tristeza, a tristeza de não ser santo”. Deus seja louvado!