Na missa do quarto dia da 58ª Assembleia Geral, bispo falou sobre a missão da Igreja de anunciar Cristo nossa paz
Julia Beck
Da redação
Compromisso da Igreja é transmitir a paz de Cristo. Foi o que afirmou o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Joel Portella. O bispo, que é auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, presidiu a missa do quarto dia da 58ª Assembleia Geral (AG) da Conferência.
Cinco dias de Assembleia
No início de sua homilia, o prelado comentou a proximidade do fim da AG. Neste ano, devido ao formato digital a assembleia que costuma levar 10 dias, no formato presencial, passou para cinco dias.
A AG da CNBB será concluída nesta sexta-feira, 16.
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Retiro para ouvir o Senhor
Nesta quinta-feira, 15, Dom Joel afirmou que o dia será dedicado a oração. Mesmo em meio a tantas coisas a serem refletidas, o bispo reforçou que é preciso parar e se colocar em retiro.
“A primeira de todas as finalidades é ouvir o Senhor. Ouvir o Senhor e já começar a pensar nos compromissos que decorrem dessa assembleia”, observou.
Segundo o prelado, é preciso que o episcopado se reúna, olhe a realidade e ouça o Senhor para discernir o que é preciso fazer.
Intenção da paz
Uma assembleia que tem um valor imenso precisa transbordar para a realidade, explicou Dom Joel. O secretário-geral da CNBB afirmou que a intenção maior da missa é a intenção pela paz.
“Paz no mundo, no nosso país, nas famílias, comunidades, diversos grupos de diversas orientações, religiões e corações”, pontuou.
Participação na realidade do povo
O bispo revelou que muitas vezes a conferência é questionada por suas falas, mensagens e posicionamentos em determinados assuntos.
Dom Joel frisou que a CNBB não é constituída por especialistas em todos os assuntos, mas por aqueles que se reúnem em torno do Cristo Ressuscitado.
Durante toda a Campanha da Fraternidade desse ano, o prelado contou que os bispos ouviram, repetiram, rezaram e pregaram que Cristo é a nossa paz.
“Se o coração é apaixonado por Cristo, a atitude deve ser o anúncio, a transmissão da paz de Cristo”, sublinhou.
Paz não é a ausência de guerra
“A paz não é apenas a ausência de guerra”. Foi o que destacou Dom Joel. De acordo com o secretário-geral da CNBB, não se definir a paz apenas pela via negativa: “Se não há guerra existe a paz”.
“É óbvio, faz parte da condição de paz, mas quando passamos a olhá-la pela via positiva, não como aquilo que deixa de existir, mas como aquilo que precisa existir, percebemos o quanto ela faz parte da missão dos cristãos, do ministério dos bispos”, argumentou.
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De acordo com o bispo, a paz é a presença de tudo aquilo que o ser humano, como filho e filha de Deus, com a sua dignidade de pessoa, independente de qualquer situação, tem o direito irrecusável, inalienável.
A paz, apontou Dom Joel, é fruto da fraternidade que precisa existir entre os diversos grupos. Ela é fruto da solidariedade, do cuidado.
O secretário-geral da CNBB continuou afirmando que a paz faz parte dos direitos humanos fundamentais. “Temos falado tanto deles nessa assembleia”.
Direitos humanos fundamentais
“Onde há fome não há paz. A paz é a presença da moradia, trabalho, escola, educação, segurança pública diante da violência, a paz é também a presença, acima de tudo, de Cristo nos corações”, frisou.
Segundo Dom Joel, a paz se manifesta onde há liberdade de Jesus ser testemunhado e transmitido como um convite aos corações.
O ser humano como obra máxima do criador, foi criado e pensado no mistério de Deus para tudo isso, observou o prelado.
Em cada momento histórico, quando uma dessa realidades faltam, o bispo pontuou que a humanidade acaba voltando e colocando foco nessa realidade. “É sempre um compromisso de paz”.
Posição da Igreja
O secretário-geral da conferência afirma que muitos a indagam: “Não seria interessante apenas falar, anunciar Jesus e não tocar nas questões muito concretas relativas à paz?”.
“Eu penso quando uma pessoa chega com um familiar muito doente no hospital e diz: ‘Meu familiar está doente’. O médico olha e diz: ‘É verdade ele está doente’. E assim encerra a consulta? Não, o médico vai dizer que ele está doente, mas tomará providências. Algumas coisas ele fará, outras indicará”, exemplificou.
Dom Joel destacou que a Igreja com a sua responsabilidade de anunciar Cristo nossa paz, se manifesta não nos critérios técnicos, mas nos critérios éticos que dizem respeito à construção da paz.
Caminhos que não levarão à paz
Esquecer uns dos outros, balançar os ombros, manifestar indiferença diante de tanto sofrimento, como na pandemia, mais de 360 mil mortos. Estes são caminhos que, para o prelado, não levarão à paz.
Compromisso de paz
Os bispos da Igreja no Brasil sairão dessa assembleia com compromisso de paz, relatou o secretário-geral da CNBB.
“Tudo isso só será sentido no encontro com Cristo, o Senhor da Paz. Ele transborda seu amor de Pai para nós e faz com que pessoas, famílias, instituições possam ser construtoras da paz”.
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Perseguições
Na primeira leitura do evangelho do dia, Dom Joel comentou que é possível encontrar a Igreja primitiva testemunhando um forte sinal de paz: o anúncio de Jesus Cristo em meio a tantas perseguições.
Também hoje, nas muitas situações desse mundo, o bispo recordou que os cristãos experimentam situações de perseguição. “Isso não tira a paz, pois ela está dentro de nós. No encontro com o Senhor Ressuscitado, ela transborda”.
“Nossa esperança é a vida eterna, por isso muitas vezes pagamos nossa fé com a vida”, sublinhou.
Ano Amoris Laetitia e São José
O bispo lembrou que o Papa Francisco presenteou a Igreja com o Ano Família Amoris Laetitia. “Um ano que encontramos e somos convidados a encontrar a alegria do amor que gera e constrói a família”. “Que a família seja uma escola de paz”, exortou Dom Joel.
O Papa também dá como exemplo, São José. Um homem que, de acordo com o prelado, no primeiro olhar, não teve paz na vida, mas conseguiu encontrar a paz. “Que, pela intercessão de São José, a Igreja reafirme o seu compromisso pela paz”, finalizou.